Mantega: Banco do Sul deveria exercer na América Latina mesmo papel do BNDES

09/01/2009

São Paulo – A criação do Banco do Sul deve ser positiva para os países envolvidos, desde que não seja usada politicamente por ninguém, defendeu o ministro da Fazenda, Guido Mantega, após reunião com empresários, hoje (4), na capital. Mantega defendeu que o Banco do Sul poderia ter as mesmas regras do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), direcionado para fortalecer a infra-estrutura e a integração dos países da América do Sul.

Segundo ele, todos os países interessados na formação do banco estão “com o pé no chão” e querem criar uma instituição com princípios e regras. “Queremos uma instituição séria, um banco que seja auto-suficiente, que conte só com seus recursos e não seja tocado a base de subsídios”. Ele disse ainda que a idéia é a de que essa instituição seja mais um passo na integração dos países da América do Sul.

Mantega salientou que o Brasil é o país que necessita menos de financiamento entre os envolvidos, mas com sua participação fomentará projetos de investimentos em outros países que são mercados consumidores de produtos brasileiros. “Vamos fomentar obras e serviços em outros países que muitas vezes são feitos por empreiteiras brasileiras. Então nós temos todo interesse econômico, social e político em mantermos uma aproximação maior entre os países”.

O ministro afirmou que as instituições existentes não estão atendendo as necessidades dos países da América do Sul. “Por exemplo, nós temos o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que não é um banco da América do Sul, que possui europeus, que é controlado pelos EUA então demora muito para aprovar um projeto”. Com a formação do Banco do Sul, o objetivo é dar agilidade para a aprovação dos projetos.

Ele garantiu que todos os países da América do Sul serão chamados para compor o Banco do Sul e todos que desejarem terão assento no conselho diretor. “Será um banco totalmente seguro, trabalhará dentro dos padrões de qualquer banco. Não tem nenhuma aventura”. O patamar financeiro para a participação dos países ainda não foi estabelecido, mas, segundo Mantega, há possibilidades de cada país começar com um valor em torno de US$ 300 a US$ 500 milhões. “O importante é que não haja diferença entre os países. Não se pode ter um país quem mande no banco”.

Mantega participou de uma reunião, esta semana, com outros ministros da área econômica da América do Sul. Segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, serviria para “resolver toda e qualquer divergência política que exista” sobre o Banco do Sul. Na opinião do economista argentino Aldo Ferrer, o BNDES e o Banco do Sul não teriam atividades sobrepostas.

Fonte:
Portal Fator Brasil
Flávia Albquerque /ABr