Mais um ano morno na economia em 2006
09/01/2009
Mais do que nunca as indecisões e perplexidades do governo Lula afloraram nas últimas semanas. De um lado, a queda do PIB no terceiro trimestre bateu fundo no governo. Ajudou a consolidar a nova imagem que Lula tem de Palocci, como um sujeito que não cumpre o que promete: o crescimento, após a estabilidade. Também reforçou consideravelmente a posição da Ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, empenhada em destravar os empecilhos à liberação de recursos orçamentários. Por outro lado, a estratégia do terror, alimentada pelo Banco Central e pela Fazenda, continua atemorizando Lula.
O que está em jogo não é nada do outro mundo. Do lado do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), a aceleração da redução dos juros, e um sistema mais fluido de liberação de recursos orçamentários. Na semana passada, Dilma saiu-se vitoriosa no segundo ponto, ao convencer Lula a bater pé firme na meta acordada de superávit primário de 4,25% este ano. Por outro lado, o presidente do Banco Central Henrique Meirelles voltou a firmar posição em favor do que chama de “política monetária austera”.
Lula já demonstrou, à exaustão, seu compromisso com a estabilidade econômica. O discurso do terrorismo sempre vai encontrar eco na sua mente –e não deixa de ser saudável. Mas significa, também, que não se deve esperar nada de mais agressivo da política monetária, ainda que guiado pelo bom senso. O que se espera do próximo ano será uma campanha eleitoral acirrada, um pouco mais de agilidade nas liberações orçamentárias, o fim do poder absoluto da Fazenda e do Planejamento sobre o orçamento, mas a manutenção de superávits agressivos e de uma política monetária tímida.
Bom, por evitar confusão na economia em período eleitoral; ruim por segurar o crescimento por mais um ano.
Fonte:
Dinheiro vivo
por Luís Nassif