Maior investidor estrangeiro da Bolsa diz que vai dobrar aposta no Brasil
09/01/2009
Com 10 bilhões de dólares aplicados no país, Mark Mobius, diretor da Franklin Templeton, é o maior investidor estrangeiro na Bovespa. E ele diz que quer mais
EXAME O americano Mark Mobius, de 71 anos, é o maior investidor estrangeiro na Bolsa de Valores de São Paulo. Como diretor da gestora de recursos Franklin Templeton, com sede na Califórnia, Mobius responde pelos 10 bilhões de dólares que a empresa tem investidos no Brasil, sem falar nos 37 bilhões espalhados por outros países emergentes. Apesar das perdas acumuladas pela bolsa brasileira nas últimas semanas, ele garante que permanece zen. Mais do que isso: diz que o Brasil, assim como outras economias emergentes, funciona hoje como uma espécie de âncora nas crises mundiais e que, diante disso, só lhe resta aumentar suas apostas aqui. Não deixa de ser um alento que alguém com 10 bilhões de dólares para arriscar — e que no passado levou tombos doloridos com economias emergentes — pareça tão confiante em meio à turbulência. Às vésperas do Carnaval, Mobius foi para a Bahia, mas, ao contrário da maioria dos turistas, que correu atrás dos trios elétricos, tinha pela frente uma pesada agenda de trabalho. Seguiu com ele um grupo de 35 analistas da Templeton para avaliar os investimentos no país e traçar perspectivas para os próximos meses. “Hoje, nações emergentes como o Brasil são um porto seguro para os investidores em meio à crise dos Estados Unidos”, disse Mobius a EXAME.
Em sua mira estão companhias dos setores de commodities e voltadas para o crédito ao consumo interno. “Essas são as duas grandes forças do Brasil hoje”, diz. O consumo é puxado pela expectativa de crescimento econômico — ele espera uma expansão de mais de 4% do PIB brasileiro neste ano, nada espetacular se comparado com os índices atingidos na recente onda de prosperidade do mundo, mas nada mau num cenário que promete nuvens e algumas trovoadas. Para aproveitar da melhor forma essa virtual estabilidade brasileira, um dos fundos geridos por Mobius investe nas ações de dois bancos: Unibanco e Itaúsa, a holding que controla o Itaú e que também é dona da Duratex, empresa de material de construção que se beneficia do recente boom do mercado imobiliário. Nos próximos meses, mais papéis de bancos, varejistas e outras empresas voltadas para o mercado interno devem ser comprados por Mobius para integrar a carteira de um novo fundo lançado pela Templeton. Trata-se de um fundo de small caps, que aplica apenas em empresas de valor de mercado inferior a 1 bilhão de dólares. “Há muitas empresas brasileiras promissoras nesse nicho”, diz. Mobius, compreensivelmente, não informa quais.
No segmento de commodities, suas grandes apostas são Petrobras e Vale. Essas companhias ocupam posição de destaque em dois fundos geridos por ele — o Templeton Latin America e o Bric, que aplica nas bolsas de Brasil, China, Índia e Rússia. Mobius acredita que os preços do petróleo permanecerão elevados e que a demanda por cobre e minério de ferro, os dois principais produtos da Vale, continuará elevada. “Os grandes compradores dessas commodities serão os países emergentes, que devem continuar crescendo mais que a média do mundo desenvolvido”, diz. Sua estimativa é que o crescimento das economias emergentes seja de 7,5% em 2008, muito acima da taxa de 2,5% dos países ricos. “Mesmo que haja alguma correção nos preços de commodities, o aumento das vendas deverá sustentar o faturamento dessas companhias.”
Fonte:
Exame