Lula é reeleito presidente com 60,5% dos votos

09/01/2009

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de 60 anos, foi reeleito neste domingo, no segundo turno das eleições, para mais quatro anos de mandato. Ele o segundo presidente brasileiro a ser reeleito em votação direta para dois mandatos consecutivos – o primeiro foi Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Um dos principais líderes populares do Brasil, Lula superou uma aguda crise política e uma campanha cheia de polêmicas para obter sua segunda vitória em uma eleição presidencial (disputou cinco).

A reeleição de Lula foi confirmada na noite deste domingo antes mesmo do encerramento da apuração de votos. Às 19hs30, com mais de 90% das urnas estavam apuradas, o TSE informava que o petista estava com 60,64% dos votos e o tucano Geraldo Alckmin tinha 39,45%. Matematicamente Lula já estava reeleito. Lula, que votou pela manhã, em São Bernardo do Campo, acompanhou o anúncio em um hotel nos Jardins, em São Paulo.

A campanha – Lula chega ao histórico resultado deste domingo depois de uma campanha igualmente marcante – tanto em aspectos positivos, como a notável popularidade obtida no Nordeste e a capacidade do presidente de mobilizar os militantes mesmo com a gravíssima crise do PT, como negativos. Entre os episódios constrangedores, graves denúncias de uso da máquina para ajudar a alavancar os votos, bravatas que irritaram a oposição, gafes em discursos e, claro, o escândalo do dossiê contra os tucanos.

Na reta final do primeiro turno, após divulgação de fotos do dinheiro que seria usado para a compra do dossiê pelos petistas e da ausência de Lula do último debate na TV, a candidatura do presidente pareceu ameaçada. Ao contrário do que se previa, a disputa foi para o segundo turno. Nas quatro semanas de campanha do segundo turno, porém, Lula recuperou o prestígio entre os eleitores, conquistando eleitores de outros candidatos, tirando votos do adversário e crescendo em todos os grupos e regiões.

Com a máquina – Criticado pela oposição por muitas vezes misturar papel de presidente com o de candidato (e de líder do PT), Lula manteve uma agenda focada na reeleição desde meados do primeiro semestre deste ano. Em muitas ocasiões, marcou eventos como presidente mas apareceu claramente como candidato – discursando para grupos fiéis, visitando regiões de eleitorado forte e propagandeando ações de governo que poderiam ser usadas na campanha, como o Bolsa Família e a auto-suficiência em petróleo.

Enfrentou problemas para montar as alianças nacionais na campanha – em função da verticalização das chapas, não conseguiu ter ao seu lado nenhum outro grande partido, e teve de se contentar só com o apoio formal de legendas menores. Informalmente, no entanto, teve presença disputada nos palanques estaduais. Ajudou a impulsionar candidaturas, principalmente no Nordeste, e se envolveu até na campanha tucana ao governo de Pernambuco – o candidato Lúcio Alcântara tentou colar a sua imagem à de Lula.

Perspectivas – Com a eleição ganha, Lula precisa agora conter os ânimos em torno do escândalo do dossiê e construir uma base política para governar por mais quatro anos. Terá problemas: o PMDB aceita integrar o governo, mas deve cobrar uma conta cara em troca. Com PSDB e PFL, não deve haver trégua, o que colocaria em risco a governabilidade. Os rivais, contudo, prometem não realizar um “terceiro turno”, ou seja, não querem estender a disputa partidária acirrada até o segundo mandato do presidente.

A posse do próximo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está marcada para o primeiro dia de 2007, mas ele pretende começar a enfrentar os desafios para os próximos anos desde agora. Conforme revelou a interlocutores durante a campanha, Lula não quer perder tempo e, para recuperar os meses dedicados à campanha, pretende trabalhar nos projetos prioritários para seu novo mandato desde já. Ainda neste ano, pode enviar ao Congresso planos de reformas, especialmente política e previdenciária.

Fonte:
Veja