Lula diz que economia vai crescer no varejo

Por Karen Viscardi, de São Paulo

“A economia vai continuar crescendo”, garantiu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aos empresários do setor supermercadista, que participaram ontem da abertura da Expo Abras 2005, em São Paulo. A feira vai até o dia 8 de setembro, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo. Lula, que só recebeu aplausos durante a cerimônia de abertura, destacou os recordes da balança comercial, crescimento da indústria, aumento da massa salarial, poder de compra e níveis de emprego.
“Há uma retomada de investimentos, em um ciclo de solidez inédito nas últimas décadas”, disse Lula, referindo-se ao crescimento sem inflação. Para o presidente, a injeção de R$ 90 milhões ao dia de crédito ao consumidor e o aumento de demanda das famílias há sete meses sucessivos traz um cenário promissor ao comércio.
A perspectiva para o auto-serviço é de crescimento, mas com cautela, segundo o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Carlos de Oliveira. Ele estima que os supermercados brasileiros devem fechar o ano com aumento de 2%, o que recuperaria as perdas de 2003, após o crescimento de 2,5% registrado em 2004. De janeiro a julho, os supermercados tiveram um incremento de 3,11% sobre o mesmo período do ano passado. “Ainda estamos cautelosos em relação ao Natal, se as taxas de juros não subirem, o desempenho poderá ser melhor.
Apesar da expectativa positiva, os temas principais do discurso do presidente Abras na abertura da feira foram a guerra fiscal entre os estados, carga tributária e a legislação trabalhista. Oliveira defende que o perfil da carga tributária precisa mudar. Segundo ele, 80% dos impostos incidem sobre a produção e 20% sobre a renda, o que deveria ser o inverso.
O dirigente da Abras diz que é “inaceitável conviver com legislações desencontradas que favorecem a guerra fiscal” e exemplifica sobre a cobrança de alíquotas diferenciadas de ICMS de Estado para Estado. “Isto é nocivo para o setor e para o País. A eqüalização do ICMS entre os Estados é uma exigência da sociedade”.
Lula respondeu ao presidente da Abras, dizendo que no primeiro ano de governo foi aprovada a reforma tributária, mas que a reforma pertinente aos Estados, no caso que trata da questão do ICMS, ainda não aconteceu. “É preciso que os empresários façam um trabalho para convencer os governadores e deputados para unificar o imposto, o que trará uma relação justa de Estado para Estado”, disse o presidente, destacando que deve haver uma mobilização geral.

Vendas de alimentos orgânicos serão estimuladas

Dois projetos anunciados ontem pelo presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Carlos de Oliveira, estimulam a venda de pescados e produtos orgânicos nos supermercados. Pelo terceiro ano consecutivo os pescados estarão mais baratos nos supermercados no mês de setembro. Foi assinado ontem o protocolo da Semana do Peixe, parceria da Associação Brasileira de Supermercados e Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap). A Semana do Peixe tem início no dia 15 de setembro, com promoções e ofertas para estimular o consumo de peixe. A expectativa é que haja uma redução média de 30% nos preços do produto no período da promoção.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, detalhou o projeto. A parceria prevê a cooperação e o trabalho conjunto para o desenvolvimento do projeto Semana dos Alimentos Orgânicos, que se realizará em todo o País.
O Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento estão com um estande na Feira, onde os supermercadistas podem buscar informações sobre a campanha e recolher material de divulgação (KV).

Indústria calçadista afetou desempenho gaúcho

O setor calçadista gaúcho foi lembrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no discurso de abertura da abertura da Expo Abras, em São Paulo. Ele destacou que o crescimento industrial brasileiro é visível e que, das 18 regiões analisadas pelo Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE), somente uma apresentou queda, o Rio Grande do Sul. “O Rio Grande do Sul não cresceu por conta da seca e do setor calçadista”, disse, referindo-se à crise que a indústria de calçados gaúcha (KV).

Governo cria secretaria do Comércio e Serviços

O governo irá criar a secretaria do Comércio e Serviços. O anúncio foi feito ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura da Expo Abras 2005. A secretaria pretende formular e implementar as políticas públicas para o setor e estará vinculada ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Para o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Carlos de Oliveira, a secretaria vai propiciar um relacionamento mais próximo com o governo e servindo como um canal direto para discutir as questões não só do setor supermercadista, mas de todo o varejo – incluindo a questão de impostos. A formalização do novo órgão deve ser agendada para a próxima semana. A secretaria é um pedido da Abras há dois anos. Em 2004, a entidade formalizou o pedido ao ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, que também esteve na abertura da feira (KV).

Desafio do auto-serviço é manter índice positivo

As vendas dos supermercados brasileiros já mostram uma pequena desaceleração. Em julho, as vendas sobre o mesmo mês de 2004 caíram 0,16%. No acumulado de janeiro a julho, houve um aumento de 3,11%. O desafio é manter um índice positivo no ano, já que a base de vendas do segundo semestre de 2004 é maior.
Ao mesmo tempo, a melhor época de vendas para o auto-serviço é o final do ano. A 35ª Feira Internacional de Produtos, Serviços, Equipamentos e Tecnologia para Supermercados – Expo Abras 2005, acontece justamente no período onde a indústria intensifica os lançamentos, com vistas ao Natal e às festas de fim de ano.
“Tradicionalmente, o segundo semestre é responsável por mais de 60% do total das compras do setor, por isso a Expo Abras é realizada nessa época. Agora em São Paulo, acreditamos que o evento entra em nova fase, reunindo não apenas empresários e profissionais do setor do Brasil inteiro, como de diversos lugares do mundo”, afirma o presidente da Abras, João Carlos de Oliveira (KV).

Fonte:
Jornal do Comércio
6/9/2005
economia@jornaldocomercio.com.br