Luciano Coutinho é escolhido para a presidência do BNDES

09/01/2009

Brasília, 19 de Abril de 2007 – Mais uma vez Lula arbitra disputa entre auxiliares diretos, os ministros da Fazenda e do Desenvolvimento. O Palácio do Planalto anunciou ontem que o economista Luciano Coutinho será o novo presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Cotado anteriormente para integrar o ministério de Luiz Inácio Lula da Silva, Coutinho foi uma escolha pessoal do presidente. Mais uma vez, Lula arbitrou disputa entre auxiliares diretos. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, queria a manutenção de Demian Fiocca no posto. Já o titular do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, trabalhava para substituir Fiocca. De preferência, por Gustavo Adolfo Funcia Murgel, ex-vice-presidente executivo do Banco Santander.

O porta-voz do Palácio do Planalto, Marcelo Baumbach, disse que Fiocca deve continuar no governo. Não falou em cargo, mas a tendência é de que Mantega o nomeie secretário do Tesouro Nacional, no lugar do interino Tarcísio de Godoy. No início da noite, a assessoria do ministro Miguel Jorge disse que Coutinho foi um nome de consenso. A decisão agradou a representantes da indústria, que formam a principal clientela dos empréstimos do BNDES.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro Neto, declarou que a escolha de Coutinho tem de ser saudada pelo setor produtivo. “Foi uma escolha extremamente feliz. Ele vai poder dar uma dimensão importante a esse que é o principal instrumento de política industrial do Brasil”, declarou Monteiro Neto.

Para a Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Coutinho está em linha com os desafios que o Brasil tem pela frente, como promover investimentos, crescimento econômico e desenvolvimento social. “Vejo a indicação de Luciano Coutinho com bastante otimismo”, disse em nota Paulo Godoy, presidente da Abdib. “Coutinho reúne uma visão bastante realista dos desafios brasileiros, tem sólida experiência técnica e prática no mundo dos negócios, adquirida em anos de consultoria.”

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, seguiu a mesma linha. Elogiou a atuação de Demian Fiocca à frente do BNDES, pois “soube fazer do banco uma importante ferramenta da política industrial brasileira”. Skaf também afagou Coutinho e disse que os empresários vão se empenhar para que tenha êxito à frente do BNDES. “Esperamos que a escolha de Coutinho resulte positiva. Vamos nos empenhar para que a gestão de Luciano Coutinho à frente desse novo desafio em sua trajetória profissional seja de sucesso. O BNDES é um importante motor do crescimento do Brasil”, disse Skaf.

Luciano Coutinho ajudou o governo a formular as medidas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no fim do ano passado. À época, especulou-se que poderia assumir o Ministério do Desenvolvimento, hoje sob responsabilidade de Miguel Jorge. Foi secretário-geral do Ministério de Ciência e Tecnologia, entre 1985 e 1988, durante o governo de José Sarney. Além de bom trânsito no PMDB, partido do ex-presidente, atualmente é filiado ao PSB, uma das razões que pesaram para a escolha do seu nome por Lula.

O presidente tinha uma dívida política com o PSB, que só havia conseguido até o momento manter a indicação do ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende. Professor da Universidade de Campinas (Unicamp), Coutinho, de 54 anos, é Ph.D em Economia pela Universidade de Cornell, com uma tese sobre a internacionalização do capital dos oligopólios. Especialista em economia industrial e internacional, coordenou avaliações sobre a competitividade da indústria brasileira. É considerado um economista desenvolvimentista, assim como o ministro Guido Mantega.

Além de artigos em jornais, o novo presidente do BNDES é autor, organizador ou colaborador de pelo menos 26 livros, a maioria deles sobre competitividade da indústria.

Fonte:
Gazeta Mercantil
Valderez Caetano