Locadoras de carros apostam em turismo para crescer em 2006

09/01/2009

Setor que fatura cerca de 3 bilhões de reais espera avanço de pelo menos 10% no ano

Por Larissa Santana

EXAME Pelas estradas e ruas do país rodam atualmente cerca de 230 mil veículos alugados. Um número pouco maior do que o de automóveis do Pará ( 210,705 mil) e ínfimo dentro da frota total brasileira, de 42 milhões. Mas nada disso soa pequeno para as locadoras de carros, e sim promissor. Em 2006, o setor pretende crescer mais de 10% e avançar em direção a um potencial de 50 milhões de usuários – com a ajuda do turismo, da economia e até mesmo das eleições presidenciais.

Atualmente as locadoras de automóveis não trabalham nem com 30% do mercado que almejam, diz José Adriano Donzelli, presidente da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla). Há duas mil empresas brigando no setor em duas frentes: entre si e contra o preconceito dos brasileiros, que vêem o aluguel de veículos como um serviço caro e complicado. Pouco a pouco, elas vêm conseguindo driblar essas preocupações, como mostra o avanço da frota de locação, que cresceu 11% em 2004 e deve ter aumentado em mais de 10% em 2005, estima Donzelli. “Em 2006 vamos no mínimo repetir o desempenho do ano passado”, diz o presidente.

O principal fator que tem animado as locadoras é o aumento do turismo. O número de desembarques em vôos domésticos, um termômetro das viagens brasileiras pelo país, cresceu de 33 milhões em 2002 para 43 milhões em 2005. Há também mais estrangeiros conhecendo o Brasil (e gastando por aqui): de 3,7 milhões em 2002 (que geraram receita de 1,9 bilhão de dólares) passaram para 5,5 milhões em 2005 (com receita de 4 bilhões). De olho nos dólares e nos reais dos turistas, a Avis quer aumentar em 20% sua frota neste ano, atingindo 14 mil veículos, e agregar 15 pontos de venda aos atuais 100. “Esse é um segmento bastante jovem no país. Quando você tem uma base que está se constituindo e muita demanda a ser prospectada, há crescimento”, diz Luis Antonio Cabral, diretor de marketing e franquias da Avis.

Quanto maior o número de pessoas viajando pelo país, maior a demanda por veículos de aluguel, acredita Donzelli, da Abla. É por isso que ele entende que os anos em que há eleições são sempre benéficos ao setor, que tem faturamento de aproximadamente 3 bilhões de reais. Há também os que defendem que o avanço da economia, ainda que tão medíocre quanto o de 2005, é o grande estímulo ao aluguel de veículos. “Às vezes um segmento da economia não vai tão bem e puxa o PIB [Produto Interno Bruto] para baixo, mas a gente consegue crescer atrelado àqueles setores que estão bem”, afirma Hélio Netto, diretor comercial da Hertz.

“Até porque”, diz o executivo, “enquanto a atividade econômica progride, os preços do setor não têm sofrido reajuste há alguns anos”, com o objetivo de atrair mais clientes. Somada à maior facilidade hoje encontrada na hora de alugar um carro, a manutenção dos níveis de tarifas tem contribuído para conquistar os brasileiros. “Há três, cinco anos atrás, a gente não tinha uma capilaridade tão grande. Hoje você não precisa ir a um lugar distante para alugar o carro. E ficou mais fácil pagar. Agora todas as locadoras aceitam cartão de crédito. Além da possibilidade de fazer reserva.” Para aproveitar o embalo que prevê nos negócios em 2006, a Hertz planeja aumentar o número de franquias (de 61) em 45% e expandir a frota de 11 mil veículos em até 20%.

Terceirização de frotas

As locadoras com foco em oferecer a terceirização de frotas empresariais também esperam crescimento em 2006. E ambicioso: de até 30% no caso da Master Rental, que administra frotas de empresas como General Motors, Carrefour e Bradesco. Neste ano, a meta é agregar mais 12 franquias e 5 agências próprias à rede, que hoje tem 47 pontos de venda.

Dos 8.000 veículos da Master, 6.500 estão direcionadas para a terceirização. O segredo para impulsionar esse número está, de acordo com Eduardo Vanucchi, diretor-executivo, em convencer as empresas de que vale mais alugar um carro do que comprá-lo e torná-lo um custo fixo. Na opinião do executivo, ainda há muito espaço para crescer nesse mercado corporativo: “Estima-se que existam 4 milhões de carros na mão das empresas. Ao considerar que temos 200 mil, não chega a 5% do potencial total do mercado”. Mas a grande sacada seria, para Vanucchi, conseguir convencer os governos a aderirem ao aluguel de veículos: “O setor público ainda não entrou. Tem muito carro próprio, seria importante para nós”, diz.

Fonte:
Portal Exame