Juro alto reduz atividade industrial

Como era esperado, a alta dos juros iniciada pelo Banco Central em setembro do ano passado reduziu o ritmo da atividade na indústria brasileira.

Em janeiro, as vendas industriais registraram queda de 1,97% na comparação com dezembro de 2004, segundo pesquisa divulgada ontem pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).

A CNI atribuiu a queda ao aumento da taxa básica de juros da economia, a Selic, que vem subindo há seis meses para combater a inflação e atualmente está em 18,75% ao ano, e à desvalorização do dólar desde o segundo semestre do ano passado, o que afeta o faturamento das empresas que exportam.
Desde que os juros começaram a subir, as vendas industriais tiveram queda de 4,2%, segundo a CNI. O cálculo desconsidera os fatores típicos (sazonalidade) de janeiro e dezembro. Na comparação com igual período de 2004, as vendas subiram 3,13% em janeiro deste ano.

A redução no volume de vendas da indústria em janeiro está em linha com a tendência apontada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que, na semana passada, ao divulgar a alta de 5,2% do PIB (Produto Interno Bruto) no ano passado, previu uma expansão menor da economia neste ano do que em 2004.
Segundo o IBGE, por causa dos efeitos da alta dos juros, neste ano a economia deve crescer entre 3,5% e 4%.

O Ipea (Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada) reviu a projeção que fez de crescimento do PIB, de 3,8% para 3,5% neste ano, pelo mesmo motivo.
Em janeiro também houve redução de 2,05% nas horas trabalhadas na produção, mas os salários aumentaram 0,18% e o número de pessoal empregado cresceu 0,27%, também na comparação com dezembro de 2004.
“Isso demonstra que as indústrias não estão demitindo. Portanto, apostam em um cenário positivo ao longo do ano, apesar da desaceleração da economia, causada pelos juros e pela redução espontânea da atividade industrial, depois de um período de grande crescimento”, disse o economista Paulo Mol, da CNI.

A utilização da capacidade instalada também sofreu queda, passando de 82,9% em dezembro para 82,4% em janeiro.
Segundo Mol, entre meados de 2003 e 2004 as indústrias fizeram investimentos que aumentaram o parque industrial. Com a queda do ritmo da atividade econômica desde o quarto trimestre do ano passado, o uso dos equipamentos diminuiu.

Folhaonline
CLÁUDIA DIANNI
9/3/2005