Italianos elogiam decisão de Lula de entregar caso ao STF

18/02/2009

BRASÍLIA – O vice-presidente da Câmara dos Deputados italiana, Maurizio Lupi, elogiou, em reunião com parlamentares brasileiros nesta terça-feira (17), o anúncio do governo brasileiro de que não vai contestar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o pedido de extradição do governo italiano para o ex-ativista Cesare Battisti. O caso está atualmente no Supremo Tribunal Federal (STF), que decidirá se o italiano é extraditado ou se permanece no Brasil, como refugiado político.

O parlamentar italiano e o embaixador da Itália no Brasil, Michele Valensise, estiveram reunidos com integrantes do Grupo Parlamentar Brasil-Itália. Lupi assegurou que o episódio da concessão do asilo a Battisti pelo governo brasileiro não provocará um problema diplomático entre os dois países, mas reafirmou o pedido de apoio, feito em janeiro deste ano pelo presidente da Câmara dos Deputados da Itália, Gianfranco Fini, para a extradição de Battisti. Integrante de um grupo de esquerda na década de 70, Battisti foi condenado a prisão perpétua por quatro assassinatos.

"Como somos instituições fortes e democráticas, devemos garantir tanto a liberdade dos cidadãos como o cumprimento de penas por crimes cometidos", afirmou Lupi, durante a reunião. Ele lembrou, no entanto, que o objetivo de sua visita não é reabrir a polêmica em torno do assunto, mas estreitar os laços entre o parlamento italiano e o brasileiro.

O embaixador italiano lembrou aos parlamentares que a condenação de Battisti pela justiça italiana foi confirmada pelo Judiciário francês e pela Corte Europeia de Direitos Humanos. Às 16h30, Lupi e Valensise se reúnem com o presidente da Câmara, Mchel Temer.

Decisão do Judiciário

O presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Itália, deputado Ricardo Barros (PP-PR), lembrou que a decisão sobre Battisti não depende mais do Congresso. Os deputados Paulo Maluf (PP-SP) e Antonio Carlos Pannunzio (PSDB-SP), que participaram da reunião, criticaram a decisão do governo brasileiro. Os dois consideram que a decisão de asilar Battisti fere o respeito que cada país deve ter pelos poderes de outro. "O governo brasileiro cometeu um equívoco que deve ser reparado pelo Supremo. Estamos torcendo para que o STF faça justiça".

Relações econômicas

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP), no entanto, defendeu a decisão do governo brasileiro e disse que ela se baseou na Lei de Anistia. O parlamentar ainda fez um apelo para que o episódio não prejudique as relações econômicas entre os dois países.

O deputado Zonta (PP-SC) fez um apelo para sejam retomadas as negociações para a exportação de carne de Santa Catarina para a Itália, suspensas depois da decisão do governo de conceder o asilo a Battisti. O governo italiano cancelou uma missão oficial que viria ao Brasil no início deste mês concluir negociações que já duram dois anos. "Nossa justiça deve convalidar o que decidiu a justiça italiana nesse caso para evitar prejuízos nas relações comerciais entre os dois países", disse Zonta

Na quinta (19) e sexta-feira (20) desta semana, o deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC) estará em Roma para informar que uma parte do Parlamento brasileiro e de organizações civis não concordam com o asilo político para Battisti.

 

Fonte:
DCI