Itália mostra sinais de retomada de crescimento
09/01/2009
ROMA (ANSA)- O Produto Interno Bruto (PIB) da Itália cresceu 0,7% no segundo trimestre de 2005 em relação ao primeiro do mesmo ano, informou hoje o Instituto Nacional de Estatísticas (Istat).
O país estava em recessão técnica depois de dois trimestres consecutivos de baixa. Trata-se do maior aumento desde o primeiro trimestre de 2001, isto é, antes dos atentados de 11 de setembro, segundo o Istat, que completou que em relação aos cálculos preliminares, o PIB subiu 0,1% em relação ao mesmo trimestre de 2004.
A estimativa do PIB italiano no segundo trimestre supera as expectativas, confirmando os sinais positivos já evidenciados pelo ministro da Economia, Domenico Siniscalco, de acordo com uma nota do ministério do Tesouro.
O comunicado afirma que os dados devem ser “consolidados” e que o governo continuará reforçando a sua linha de política econômica. O ministro Siniscalco já havia dito há um mês no Parlamento e na Associação Bancária Italiana que a Itália “tinha saído da recessão”.
Segundo o comunicado, a informação de hoje reflete “muito além das expectativas e os sinais positivos lançados pelo ministério do Tesouro”.
A análise do ministério destaca “que se mantém a demanda interna e crescem as exportações; e que a variação acentuada da série estatística do PIB revela uma alteração da natureza do ciclo, com altos e baixos mais acentuados do que no passado”.
Siniscalco confirmou a estratégia adotada. “É interesse consolidar esta marcha e transformar o dado trimestral (o maior desde 2001) em uma tendência positiva. O governo prosseguirá reforçando-a”.
O premier, Silvio Berlusconi, comentou com satisfação o crescimento inesperado do PIB e aproveitou a oportunidade para acusar a esquerda de alimentar a desconfiança com o apoio de veículos da imprensa.
“O dado sobre o PIB desmente as Cassandras de que ‘tudo vai mal’ e demonstra que a economia se mantém, que os italianos sabem reagir e estão reagindo. Os sinais de recuperação nos levam a restabelecer este clima de confiança que é essencial para as famílias e para as empresas”, disse o líder de governo em uma nota.
Berlusconi lamentou que a oposição ao seu governo conservador use o “apoio de muitos meios de comunicação” e obtenha como resultado “a contenção do consumo e dos investimentos”.
“Apesar da tentativa diária de uma esquerda destrutiva de criar um clima pessimista, a mudança aconteceu e o crescimento está ao alcance das mãos”, manifestou. O dado divulgado hoje por Istat supera as previsões dos analistas, que indicavam uma alta de 0,2% no trimestre. O aumento anual foi de 0,15%, frente às expectativas de uma flexão tendencial de 0,4%.
O fato é que depois de uma baixa de 0,4% de seu PIB no último trimestre de 2004 e de 0,5% no primeiro trimestre de 2005, a alta de 0,7% no segundo trimestre do ano foi uma boa notícia em um país aflito com a sua economia há muito tempo. Segundo as cifras fornecidas hoje pela agência européia de estatísticas Eurostat, o PIB da zona do euro, assim como o da União Européia, aumentou 0,3% no segundo trimestre de 2005 em relação ao trimestre anterior, colocando a Itália em uma boa posição neste caso, com 0,7%.
As cifras sobre a alta do PIB italiano acalmam um pouco a agitação política e econômica criada por duas notícias divulgadas na segunda-feira (8). De um lado, a agência de qualificação financeira internacional Standar and Poor’s (SP) rebaixou as perspectivas da dívida italiana de “estável para negativa” em razão do déficit do orçamento. Além disso, o Istat comunicou neste mesmo dia que a produção industrial do país caiu 3% em um ano, especialmente no campo do made in Italy, ou seja, na indústria do calçado e na têxtil.
Enrico Letta, responsável econômico da Margherita (oposição), comentou que os dados são positivos e se devem ler com satisfação. “No entanto, a minha sobre a política econômica do governo continua sendo de bancarrota e o triunfalismo de Berlusconi me parece patético”.
“A centroesquerda que se apresenta como candidata para governar em 2006 lê com interesse e satisfação dados que marcam uma retomada do crescimento”, disse Letta.
Savino Pezzotta, secretário geral da segunda confederação sindical do país, a CISL (católica), afirmou que “não podemos nos enganar e nem mentir para os outros. Precisamos de coerência, honestidade intelectual e moral para afirmar que a economia deste país vai bem. Está estacionada em um mundo em crescimento. Nossa situação econômica ainda é de uma debilidade enorme”.
Ansalatina.com.br
11/08/2005