Ipea reduz previsão de crescimento para 2,8%

09/01/2009

Instituto ligado ao Planejamento estimava antes 3,5% de alta do PIB; projeção de inflação vai de de 5,4% para 6,3%

O fraco desempenho da economia no primeiro trimestre levou o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, ligado ao Ministério do Planejamento) a reduzir sua projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano de 3,5% para 2,8%.

Segundo o instituto, acentuaram-se os sinais de arrefecimento do processo de expansão. No primeiro trimestre, o PIB cresceu 0,3% em relação ao quarto trimestre de 2004, que já trazia sinais de desaceleração.
A previsão para a expansão dos investimentos sofreu a redução mais drástica: de 8,3% para 4,8%.

O primeiro trimestre registrou uma queda de 3% dos investimentos em comparação ao trimestre anterior, quando já haviam recuado 3,9%. Em seu boletim de conjuntura, o Ipea classifica o resultado do primeiro trimestre como “decepcionante”.
O diretor de Estudos Macroeconômicos do Ipea, Paulo Levy, ressaltou que a queda nos investimentos foi puxada pelo setor agrícola e pela construção civil. Os efeitos da estiagem no Sul do país agiram como um desestímulo à aquisição de máquinas e equipamentos. A construção civil foi influenciada pela acumulação dos estoques de aço no ano passado.

Segundo Levy, a perspectiva para o ano é de recuperação dos investimentos, mesmo que a níveis mais modestos do que se previa. A construção civil deverá ser beneficiado pelas facilidades para o crédito habitacional, aposta Levy. O Ipea projeta um aumento da taxa de investimentos para 21,4% do PIB, o que representa o maior nível desde 1990. No ano passado, chegou a 19,6% do PIB.

O Ipea também reduziu, de 10,2% para 9,4%, o crescimento das exportações no ano. “O impacto do câmbio deverá atingir as exportações em algum momento”, disse o economista do Ipea Fábio Giambiagi. A desaceleração levou o Ipea a reduzir também a expansão das importações, de 18,9% para 16,6%. A projeção para o câmbio médio no ano passou de R$ 2,71 para R$ 2,60; a do último trimestre foi revista de R$ 2,79 para R$ 2,65. O vigor das exportações deverá produzir um saldo comercial de US$ 35,3 bilhões.

O Ipea aumentou sua projeção para a inflação deste ano, de 5,4% para 6,3%. Segundo Levy, o resultado do acumulado no primeiro trimestre do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), de 0,59%, veio mais alto do que o previsto. “As pressões se mantiveram ainda nos meses de abril e maio, em junho a inflação já deve ser mais baixa, mas dado o desempenho desses dois meses revisamos o número para o ano.”

O arrefecimento da inflação deve levar o Banco Central a reduzir a taxa básica de juros somente a partir do terceiro trimestre, segundo Levy. A projeção da Selic média do ano passou de 18,3% para 19,3%. O diretor afirma que este cenário é compatível com uma taxa de 19% em dezembro.

Com a política monetária mais restritiva, o consumo das famílias foi revisto de 4,3% para 3,8%. Sob a ótica da produção, todos os componentes do PIB sofreram redução: a agropecuária, de 4,1% para 3,4%; a indústria, de 4,2% para 3,7%; e os serviços, de 2,4% para 2,0%. Para 2006, o Ipea prevê alta do PIB de 3,5%.

JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE
09/06/2005