Investidores estão mais conservadores que empresas, mostra pesquisa
23/06/2009
Uma pesquisa realizada pela Deloitte e pelo Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri) aponta que, após os piores momentos da crise financeira internacional no ano passado, de maneira geral, os investidores se mostram mais conservadores que as empresas. Apenas 22% dos investidores participantes do levantamento (61 no total, a maior parte fundos e entidades de previdência) afirmam ter perspectiva positiva de investimento no curto prazo.
As expectativas dos 78% restantes são estáveis ou negativas. Considerando as perspectivas das empresas participantes (54 no total), representadas pelos seus profissionais da área de relações com investidores, 67% afirmam que continuarão investindo no curto prazo e 33% dizem não ter planos para novos investimentos neste período.
"A resposta das empresas, num cenário de incerteza, nos surpreendeu", afirmou o líder de Finanças Corporativas da Deloitte, José Paulo Rocha. Segundo ele, o contraste entre os resultados encontrados junto às companhias e junto aos investidores mostra que os efeitos da crise tiveram impacto maior no segundo grupo – que sofreu com a forte desvalorização dos ativos no mercado de capitais. "A manutenção dos investimentos está provavelmente ligada à crença, entre as empresas, de que a crise é conjuntural e não estrutural", disse.
Quando o prazo de avaliação é estendido, os investidores se mostram mais confiantes. Para um período superior a três anos, 72% dos investidores afirmam ter perspectiva positiva para investimentos. Dentre as empresas, 92% dizem que continuarão investindo nesse horizonte de tempo.
Na opinião de 43% dos investidores consultados pela Deloitte e pelo Ibri, a retomada do mercado de capitais se dará em três anos. Outros 37% acreditam que a retomada ocorrerá no curto prazo e 20% a esperam para um prazo superior a três anos. Dentre as empresas, 64% acreditam que a volta da valorização das ações acontecerá em três anos.
As apostas dos investidores se concentram nos setores de agronegócio e energia. Estas são as atividades que contam com melhores perspectivas de desenvolvimento para, respectivamente, 56% e 52% dos investidores. Para metade dos investidores, as ações das empresas nacionais se desvalorizarão até o fim de 2009 e para 31% haverá valorização. Após 2010, no entanto, é praticamente consenso – com 94% das respostas – a perspectiva de valorização dos papéis.
Dentre os investidores, 80% afirmam que a geração e a manutenção dos resultados pelas empresas será um atributo que avaliarão melhor para decidir por um investimento, a partir da retomada do mercado de capitais. A liquidez dos papéis será mais observada por 79% deles, enquanto a exposição ao risco é apontada por 56%. Serão ainda fatores de melhor avaliação pelos investidores o mercado de atuação da empresa (51%), a qualidade do fluxo de informações oferecidas (36%), a estabilidade dos papéis no mercado (33%) e a imagem institucional (31%).
Avaliando o cenário para os próximos dois a três anos, 57% dos investidores afirmam acreditar na redução das ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) e 87% apostam na continuidade da redução dos juros.
A pesquisa foi divulgada no 11º Encontro Nacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais.
Fonte:
Agência Estado