Investidor de varejo estrangeiro começa a mirar Bovespa

09/01/2009

Depois dos grandes investidores trazerem consigo uma enxurrada de recursos para o Brasil, o país começa agora a aparecer no radar de um significativo número de investidores de varejo globais. A onda de recursos novos poderá aumentar ainda mais o ciclo virtuoso que já está em curso do mercado de renda variável. A avaliação é do banco suíço UBS e consta num relatório distribuído a clientes.

A percepção da equipe de análise da instituição é de que houve um período em que os investidores ficavam realmente preocupados com o potencial de calote da dívida do governo brasileiro, mas, ao que parece, esse cenário obscuro finalmente está chegando ao final. “O Brasil parece capaz de escapar da ‘idade da pedra’ da economia para entrar na ‘idade de ouro’ que pode, finalmente, levar ao crescimento econômico sustentável”, diz o texto assinado por Marcelo Mesquita, estrategista-chefe do UBS no Brasil.

Segundo o relatório, o catalisador do novo paradigma não está calcado somente nos fundamentos macroeconômicos, mas numa mudança na sociedade, que tem deixado claro aos políticos que a inflação é inaceitável. “Com a porta aberta para uma completa revolução na forma de gerenciamento da dívida pública, o Brasil começa a se parecer menos com um país emergente, ficando no radar de um número significativo de potenciais investidores globais de varejo”, diz o texto. Além disso, na visão de Mesquita, as duas últimas crises políticas, que não foram capazes de desviar ou contaminar a economia pela primeira vez na história brasileira, contribuíram para essa melhora de percepção internacional.

O estrategista-chefe estima que o Ibovespa atinja os 39.000 pontos até o fim de 2006. De acordo com o relatório, quando se observa os indicadores de avaliação de ações, fica claro que o preço dos papéis poderia apresentar elevação para algo em torno de 200 pontos base nos próximos anos, estimulados por um menor nível de risco-Brasil. A tendência de alta, diz o texto, é possível principalmente por causa do ambiente de liquidez global favorável, juntamente com o ciclo virtuoso doméstico (a partir da queda de juros), apesar da incerteza com as próxima eleição.

O portfólio recomendado aos clientes se mantém em grandes companhias porque, segundo o texto, o fluxo de recursos globais provavelmente continuará beneficiando a liquidez. Além disso, as estratégias vencedoras serão aquelas com forte exposição ao real, dado o saldo positivo em conta corrente que deverá se manter nos próximos meses.

Entre os setores indicados estão petróleo, mineração, telefonia fixa, bancos e varejo. Fazem parte da carteira sugerida, Petrobras, AmBev, Itaú, Unibanco, Brasil Telecom, Tele Norte Leste, Sabesp, Braskem, Vale do Rio Doce, Dasa e Coteminas.

Fonte:
Valor Economico
13/10/2005