Inflação vai passar da meta do governo no ano, indica Copom
09/01/2009
O Banco Central elevou sua projeção de inflação em 2005 para taxa acima da meta ajustada de 5,1% após ser surpreendido com a alta de preços em outubro, informou a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta quinta-feira.
O Comitê repetiu que a atividade econômica deve se recuperar nos próximos meses e continuar em expansão, em ritmo condizente com a oferta. Mas a ata da reunião foi elaborada antes da divulgação dos dados sobre o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, que registrou uma queda de 1,2%, superando as piores estimativas do mercado.
Em setembro, o BC previu pela primeira vez no ano que a inflação ficaria abaixo da meta. As atas não detalham as previsões do BC, mas no último Relatório de Inflação, divulgado no final de setembro, a projeção para a alta do IPCA era de 5% em 2005.
O cenário da atual projeção do BC leva em conta uma taxa Selic em 19% ao ano e câmbio em R$ 2,20 ao longo do horizonte de projeção.
“Embora a elevação da inflação (no curto prazo) em si fosse amplamente antecipada, a magnitude em que ocorreu superou em muito as expectativas prevalecentes por ocasião da reunião de setembro do Comitê”, disse a ata.
“Dessa forma, o Copom continuará acompanhando atentamente, nos próximos meses, a evolução da inflação e das diferentes medidas do seu núcleo, discriminando entre reajustes pontuais e reajustes persistentes ou generalizados de preços e adequando prontamente a postura de política monetária às circunstâncias, de forma a assegurar que os ganhos obtidos no combate à inflação até o momento sejam permanentes”, continou o comitê.
Em outubro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,75%, maior elevação desde abril.
Segundo o Copom, a elevação da inflação no curto prazo deveu-se principalmente ao reajuste dos combustíveis e à reversão parcial do comportamento favorável dos preços dos alimentos, pressões que tendem a ser transitórias, sem contaminar horizontes mais longos.
“Ele (Copom) sinalizou o desvio em função da inflação corrente, que veio mais alta que o esperado…Não sinaliza um corte menor de juros (em dezembro)”, afirmou o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa. “Ele continua sinalizando uma flexibilização gradual da política monetária.”
O Copom reduziu a taxa Selic em 0,5 ponto para 18,50% ao ano em sua reunião de novembro, no terceiro corte consecutivo dos juros.
Cenário favorável
Apesar da continuidade da volatilidade nos mercados financeiros internacionais e dos preços do petróleo ainda altos, o BC reafirmou que o cenário externo segue favorável, particularmente em relação às perspectivas de financiamento para a economia brasileira.
“Assim, continua se configurando um cenário benigno para a evolução da inflação.”
O BC acrescentou que, para 2006, a projeção para a inflação sob o cenário de referência segue abaixo do centro da meta de 4,5%, mas foi elevada ante outubro.
“Para 2006…, a inércia da surpresa inflacionária de outubro e o efeito da redução das taxas de juros mais do que compensaram os impactos da apreciação cambial e da menor projeção de reajuste para os preços monitorados e administrados por contrato.”
O BC ressaltou, no entanto, que continuará acompanhando os próximos índices de inflação e seus núcleos e destacou a importância de os indicadores inflacionários seguirem compatíveis com cenário benigno.
“Dessa forma, a flexibilização gradual da política monetária não comprometerá as importantes conquistas obtidas no combate à inflação e na preservação do crescimento econômico com geração de empregos e aumento de renda real.”
Previsões
O Copom elevou seu prognóstico para o reajuste dos preços da gasolina em 2005, de 7,5% em outubro para 7,6%.
A projeção para o reajuste de energia elétrica residencial subiu de 7,6% para 7,8%. A de preços administrados por contrato e monitorados foi elevada de 7,8% para 8,2%.
A estimativa para os administrados em 2006, por outro lado, caiu de 5,1% para 4,9%.
Fonte:
Invertia