Inflação oficial dobra em um mês e ameaça corte de juros
09/01/2009
A inflação oficial do Brasil, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acelerou mais que o esperado em outubro e registrou a maior taxa desde abril. A alta foi de 0,75% em outubro, seguindo a taxa de 0,35% em setembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.
O dado pode pressionar o Banco Central a segurar a taxa de juros básica da economia (Selic), hoje em 19%, e que vinha sendo cortada devido ao bom comportamento da inflação.
Com o resultado de outubro, o IPCA passou a acumular 4,73% neste ano, percentual inferior ao de 5,95% registrado em igual período de 2004. Nos últimos 12 meses, o índice ficou em 6,36%, acima dos 12 meses imediatamente anteriores (6,04%).
O centro da meta de inflação perseguido pelo BC este ano é de 5,1%
Os custos das carnes subiram fortemente em outubro devido à febre aftosa, o que junto à continuidade do impacto do reajuste dos combustíveis ajudou a elevar a inflação.
O dado levou o mercado a ajustar para cima suas projeções para 2005, mas não reverteu as expectativas de desaceleração da inflação em novembro e dezembro.
“Outubro concentrou pressões que não se repetem, como combustíveis e passagens aéreas. A concentração ficou no mês de outubro, foi algo pontual”, disse Eulina Nunes, técnica da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O IPCA mostrou focos de pressão, não espalhados, mas são números mais salgados do que a gente previa”, disse Alexandre Maia, economista-chefe da GAP Asset Management.
“A projeção do BC de trabalhar com um número abaixo da meta neste ano não é mais possível. Colocando esse dado (de outubro) nas previsões (do ano), elas passam para 5,3% ou 5,4%.”
Aftosa e combustíveis
Os preços de alimentos avançaram 0,27% em outubro, interrompendo quatro meses de queda. Em setembro, esses preços recuaram 0,25%.
A carne bovina subiu 4,20% e contribuiu com 0,11 ponto percentual para o índice do mês. O frango aumentou 3,90%.
“Em setembro, quando surgiram notícias de aftosa, as carnes começaram a subir. Junto com a entressafra, há agora uma força negativa. A aftosa tem influência através da desorganização do setor”, disse Eulina, do IBGE.
O frango acompanhou a alta porque “com medo, as pessoas trocam a carne pelo frango”, acrescentou ela.
Os preços de Transportes aumentaram 2,21%, a maior variação dos grupos do índice, sendo responsável por 0,49 ponto percentual ou 65% do IPCA do mês.
Os preços de gasolina avançaram 4,17%, com impacto de 0,18 ponto percentual sobre a taxa, a maior contribuição individual.
O grupo Transportes foi impactado ainda pelos aumentos de passagens aéreas (11,06%) e de ônibus urbanos (1,10%).
Outras pressões em outubro vieram de vestuário, com avanço de 0,72% devido às vendas da coleção primavera-verão. Os serviços de plano de saúde registraram elevação de 0,95%, seguidos por recreação, com alta de 0,85%, e condomínio, com 0,81%.
Desaceleração
Os analistas ouvidos após a divulgação disseram esperar para novembro uma inflação próxima de 0,40%.
“Transportes bate neste mês (outubro), mas em novembro não tem mais esse impacto. Espero 0,37% para novembro”, disse Jason Vieira, economista da Global Invest.
O IPCA mede a variação dos preços para famílias com renda de até 40 salários mínimos nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Brasília e Goiânia.
A maior variação do IPCA foi apurada em Salvador, de 1,26%, e a menor, no Rio de Janeiro, de 0,34%. Em São Paulo, o índice subiu 0,92%.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 0,58% em outubro, acima da taxa de 0,15% em setembro.
O INPC mede a variação dos preços para famílias com rendimento de até oito salários.
Fonte:
Reuters
Invertia
10/11/2005