Incerteza sobre álcool no Brasil preocupa importadores

09/01/2009

SÃO PAULO (Reuters) – Uma eventual mudança na política para o álcool no Brasil, com o governo exercendo um maior controle sobre a comercialização, está deixando o mercado internacional do combustível “extremamente preocupado,” afirmou nesta quarta-feira o diretor da consultoria alemã F.O. Licht, Christoph Berg.

Preocupado com a situação do abastecimento de álcool na entressafra, o governo brasileiro vem adiando a liberação de guias de exportação e também discute uma maior participação da ANP (Agência Nacional do Petróleo) neste mercado, que hoje é monitorado pelo Ministério da Agricultura.

“Todos estão extremamente preocupados no exterior sobre os atrasos (na emissão de licenças para exportação)… muitos países dependem do etanol brasileiro,” afirmou Berg, após palestra num seminário sobre açúcar e álcool em São Paulo.

“É um mau sinal no meu ponto de vista. Isso é tudo (que o governo vai fazer) ou será apenas uma primeira medida?”

Segundo ele, medidas governamentais poderiam provocar momentos de escassez artificial no mercado, levando a um aumento de preços.

Também presente no seminário, o diretor do Departamento de Cana e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Ângelo Bressan, afirmou que a suspensão na liberação das licenças prosseguirá até maio apenas, quando começa oficialmente a safra no centro-sul e a oferta deve estar já mais folgada. Ele assegurou que o governo não vai impedir a realização de embarques.

“O Brasil é um país aberto, com Constituição… não haverá quebra de contratos. A partir do início da safra, acaba a dificuldade na liberação,” disse.

Segundo Bressan, o Ministério da Agricultura trabalha em um “convênio” com a ANP para um melhor monitoramento do mercado. A Lei do Petróleo dá prerrogativa para que ANP gerencie os combustíveis –inclusive o álcool. Esse “convênio,” afirmou, estaria funcionando já na safra 2006/07.

Uma das áreas em que a ANP poderia atuar seria num melhor controle dos estoques, disse Bressan.

DEMANDA AQUECIDA

Berg, da F.O. Licht, afirmou que a demanda mundial por álcool continuará forte este ano, principalmente nos Estados Unidos, com a oferta local ficando inferior ao consumo gerado pelo fim do uso do MTBE (Éter Metil Terbutílico, substância química usada na gasolina como aditivo oxigenadocomo).

O MTBE, que tem potencial cancerígeno, está sendo substituído por álcool como aditivo à gasolina nos EUA.

Segundo ele, há potencial para vendas aos EUA em 2006 de 500 milhões a 1 bilhão de litros de álcool, ante cerca de 450 milhões de litros verificadas em 2005. E o Brasil figura como o principal fornecedor em potencial, embora muito vá depender, segundo ele, dos preços praticados internamente.

Já em 2007, esse volume cairia novamente diante da elevação da oferta norte-americana, com a expansão da capacidade industrial instalada.

Fonte:
Reuters
Uol Economia
Inaê Riveras