Incerteza impede Maggi de expandir o plantio

09/01/2009

São Paulo, 3 de Junho de 2005 – Câmbio e custos fixos levam o maior produtor de grãos do mundo a agir com cautela. Pela primeira vez em seus 26 anos de história, o Grupo André Maggi – o maior produtor de grãos do mundo – não irá expandir a área cultivada na safra 2005/06. “O quadro ainda é muito nebuloso para a agricultura em função da crise do setor rural. Por isso, optamos pela cautela”, diz Pedro Jacyr Bongiolo, presidente do grupo. A intenção é manter a área cultivada com soja, milho e algodão em 190 mil hectares, extensão pouco maior que a do município de São Paulo. “Nossa meta era aumentar a área em 5% e plantar 200 mil hectares. Mas os planos terão que esperar”, diz. Com isso, o faturamento deverá se manter em US$ 700 milhões.

A incerteza no campo tem como principal termômetro a soja. Os contratos futuros do grão caíram 16,8% nos últimos 12 meses e foram negociados ontem a US$ 14,77 a saca na Bolsa de Chicago, que é referencial de preços para o Brasil.

Na média, os preços não estão ruins – historicamente, a saca é cotada a US$ 10 -, mas a desvalorização do dólar, que recuou 23,3% no mesmo período, espremeu a rentabilidade no campo. “Durante os últimos três anos, os produtores não se protegeram contra a variação cambial e a estratégia funcionou muito bem. Creio que a experiência de 2005 vai acelerar o movimento de profissionalização no campo”, diz José Luiz Glaser, diretor do complexo soja da Cargill, uma das maiores esmagadoras de soja do País.

“De fato, o preço internacional da soja está ótimo, mas, além do dólar, os custos fixos com mão-de-obra e logística subiram muito no último ano”, diz Bongiolo. Ele estima que somente os itens cotados em reais tenham tido alta de 25%.

Gazeta Mercantil
Lucia Kassai
3/6/2005