Importações registram recorde em março e indicam queda de superávit
09/01/2009
As importações, estimuladas pela desvalorização do dólar em relação à moeda brasileira, bateram recorde histórico em março, quando chegaram a US$ 9,53 bilhões. No primeiro trimestre, o crescimento das compras (27,3%) continua mais intenso que o das vendas externas (17,3%). A maior velocidade no aumento das importações fez com que, pela primeira vez desde 2001, o saldo dos últimos 12 meses (US$ 45,53 bilhões) ficasse menor que o do período anterior (US$ 45,65 bilhões), o que indica o início de um ciclo de superávits menores.
Ontem, o mercado de câmbio fechou com o dólar cotado a R$ 2,048. “As importações têm campo livre para continuar crescendo. Não há sinal de mudança no câmbio”, alertou o diretor da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. Mas a avaliação do secretário de Comércio Exterior, Armando Meziat, é diferente. “O aumento das importações, por enquanto, está sendo bom, porque alivia a pressão sobre o dólar. O Brasil ainda tem nível muito baixo de penetração de importados na economia. Se a média mundial é de 15%, o país está com 5,5%”, comentou.
No primeiro trimestre, aumentou a participação dos bens de consumo nas importações e diminuiu a parcela dos bens de capital. De janeiro a março, os bens de consumo representaram 13,2% das compras. No mesmo período de 2006, eram 12,1%.
A balança de março mostrou que as exportações também bateram recorde ao chegar nos US$ 12,85 bilhões. Mas foi o maior valor apenas para meses de março. O saldo do mês passado ficou nos US$ 3,32 bilhões, menor que o de igual mês em 2006 (US$ 3,63 bilhões). No primeiro trimestre, as exportações foram de US$ 33,92 bilhões e as importações alcançaram US$ 25,22 bilhões. O superávit foi de US$ 8,69 bilhões. Nos últimos 12 meses (abril de 2006 a março de 2007), as vendas foram de US$ 140 bilhões e as compras chegaram a US$ 96,46 bilhões.
Meziat informou que, diferentemente do ano passado, o primeiro bimestre teve crescimento maior do volume exportado. Em 2006, as vendas tiveram alta de 12,5% no valor e 3,3% no quantidade. Nos dois primeiros meses deste ano, o valor cresceu 9,1% e a quantidade, 7%.
No resultado da balança comercial nos últimos 12 meses, o ritmo da elevação das exportações de manufaturados (15,8%) foi menor que o dos semimanufaturados (16,8%) e básicos (28%). Meziat disse que isso não preocupa, porque 15,8% é uma taxa muito positiva para os manufaturados e os 28% estão influenciados pelos aumentos das cotações das commodities.
Para o diretor da AEB, contudo, há motivo de sobra para preocupação. Castro alertou que na classificação “manufaturados” entram muitas commodities industrializada, como suco de laranja, açúcar refinado, óleos combustíveis, gasolina, etanol, laminados de ferro e aço, óleo de soja, alumínio em barras, papel, etc. Em 2006, os manufaturados representaram 54,34% das exportações, mas os industrializados foram apenas 41,71%.
Um sinal de perda de dinamismo das vendas externas, segundo Castro, foram as quedas das exportações de automóveis (- 14,2%), celulares (- 16,8%) e motores (-11%) no primeiro trimestre. E a participação dos EUA nas exportações (16,4%) é a menor desde 1985.
Outro dado destacado por Meziat foi a redução do superávit brasileiro na relação comercial com a Argentina. Segundo ele, isso vai provocar uma “distensão” com os parceiros do Mercosul. No primeiro trimestre, as exportações para a Argentina aumentaram 15,5%, mas as importações de produtos argentinos elevaram-se 40,5%.
Fonte:
Valor Economico