IED deve cair 50% este ano
27/01/2009
Se as projeções dos analistas de mercado estiverem certas, o investimento estrangeiro direito (IED) no Brasil cairá pela metade em 2009. O boletim Focus do Banco Central (BC), que resulta de um pesquisa com uma centena de instituições financeiras e consultorias, estima um IED de US$ 23 bilhões para o ano – em 2008, foram cerca de US$ 45 bilhões.
"A queda não é fruto apenas da crise mundial, mas também das perspectivas de crescimento menor para o Brasil", disse Thaís Zara, economista da Rosenberg & Associados. "2009 será um ano ruim para todo tipo de investimento. Por que alguém investiria em qualquer lugar do mundo hoje?", diz a economista-chefe do Banco Fibra, Maristela Ansanelli.
As duas economistas projetam um IED para 2009 inferior à média do mercado. Thaís estima US$ 21 bilhões e Maristela, US$ 20 bilhões. O economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, está um pouco mais otimista. Prevê que o investimento estrangeiro direto ficará em US$ 25 bilhões.
Ele reconhece, porém, que a instabilidade do cenário faz com que projeções para esse indicador tenham um alto grau de erro. "Estimei esse número levando em conta uma melhora da economia mundial no segundo semestre, que ainda não está clara", afirmou. "Até pouco tempo atrás, acreditava-se que o pior da crise financeira já havia passado. Hoje se sabe que não. Portanto, ainda não conseguimos ver estabilização."
O IED é especialmente importante neste ano porque o País terá déficit em conta corrente (resultado das transações do País com o exterior, que inclui balança comercial, transferências unilaterais, etc). O investimento estrangeiro é a principal fonte para cobrir esse rombo.
O mercado prevê um déficit em conta corrente de US$ 25 bilhões – portanto, quase todo financiado pelo IED. O Banco Central, porém, vê um déficit de quase US$ 52 bilhões (ante US$ 30 bilhões de IED). A diferença teria de ser coberta, em sua maior parte, pelas reservas internacionais do País, hoje na casa de US$ 200 bilhões.
Nos cálculos de Thaís, a perda de reservas será inevitável – ela prevê entre US$ 180 bilhões e US$ 190 bilhões no fim do ano. Newton Rosa acredita que as reservas serão preservadas. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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Último Segundo