Gutierrez pede a Brasil união com EUA contra a China
09/01/2009
O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Carlos Gutierrez, voltou hoje a conclamar o Brasil a se unir aos Estados Unidos e aos outros países do continente para enfrentar a competição dos países asiáticos, sobretudo da China. De acordo com Gutierrez, o Brasil concorre hoje muito mais com as economias asiáticas do que com os Estados Unidos, tanto nas exportações para terceiros mercados quanto na atração de investimentos.
A China tem atraído mais de US$ 662 bilhões em investimentos diretos estrangeiros e as exportações no ano passado superaram US$ 762 bilhões. “Esta pode ser uma boa hora para o Brasil e as Américas se unirem para concorrer”, afirmou o secretário, em discurso a empresários, na Câmara Americana de Comércio. Gutierrez disse que, juntos, China e Índia têm 2,3 bilhões de habitantes, possíveis consumidores. Mas esses mesmos 2,3 bilhões de pessoas são concorrentes dos americanos do norte, do sul e do centro. “Nós, americanos, podemos viver juntos num mundo cada vez mais competitivo”, afirmou.
Questionado sobre como deveria ser essa união do Brasil com outros países da região, o secretário evitou uma resposta objetiva. Afirmou que os Estados Unidos têm acordo de livre-comércio em quase todo o hemisfério: Canadá, México, América Central e República Dominicana, Chile e Peru, e está perto de finalizar acordos com Colômbia e Panamá. “Precisamos nos unir e integrar mais com os países que não têm esta aproximação”, afirmou, mas sem tocar na criação da Área de Livre-Comércio das Américas (Alca), na qual o interesse do Brasil perdeu fôlego nos últimos dois anos.
O secretário ressaltou que o Diálogo Comercial firmado nesta semana entre Brasil e Estados Unidos ajuda a ampliar os caminhos para um engajamento maior dos dois países. Ele reiterou que o comércio bilateral entre Brasil e Estados Unidos, em base per capita, é de US$ 212, muito inferior ao realizado com os países do Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte), do Cafta (Acordo de Livre Comércio da América Central, República Dominicana e Caribe), além do Chile. “Com o Brasil, país de grandes recursos humanos e tecnológicos, nosso comércio é muito menor. Há muito a ser feito”, afirmou.
Abertura comercial
Para Gutierrez, o Brasil tem de exercer um papel maior de liderança nas ofertas de abertura dos setores de serviços e manufaturados nas negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).
De acordo com o secretário, a proposta dos Estados Unidos para a abertura do mercado agrícola já é bastante agressiva. Só que, para atender às reivindicações do Brasil, os Estados Unidos precisam que o País ofereça uma proposta melhor de abertura para os manufaturados e os serviços estrangeiros.
“Detestamos pensar que vamos perder a oportunidade de aumentar o comércio mundial por falta de lideranças que negociem a abertura comercial para os produtos não-agrícolas e os serviços”, afirmou.
Segundo Gutierrez, há um grande número de congressistas americanos que defende a exclusão do Brasil do Sistema Geral de Preferências, mecanismo pelo qual as tarifas de importação dos Estados Unidos são liberadas para os produtos de alguns países. De acordo com o secretário, muitos desses congressistas acreditam que o Brasil não toma uma posição mais agressiva na Rodada Doha para a abertura de seu mercado a manufaturados porque já tem garantidas importações livres de tarifas dos Estados Unidos para mais de 3 mil produtos.
Fonte:
A Tarde Online