Grupos italianos descobrem o mármore do ES

09/01/2009

Três grupos italianos com matriz em Verona, na Itália, país que já foi o centro do mundo na indústria do mármore e granito, planejam construir no Espírito Santo novas fábricas para processar rochas ornamentais destinadas ao mercado americano. As empresas Grein e Testi têm projetos em fase adiantada, com investimentos totais de cerca de US$ 5 milhões na primeira fase. Já a Antolini, a maior empresa do setor em Verona, pretende começar a operar uma unidade de beneficiamento de blocos (pedra bruta) em 2006, em Serra, na grande Vitória, mas não revela o valor do empreendimento.

As três companhias seguem a trilha de outra empresa italiana, a Marmi Bruno Zanet, fundada em Veneza, em 1958. Em junho do ano passado, a Zanet colocou em funcionamento em Vitória fábrica com capacidade de produzir 2,5 mil metros quadrados de chapa polida por dia, num investimento de US$ 10 milhões. “Escolhemos o Brasil para instalar a fábrica porque aqui existe muita variedade de material”, diz Giorgio Zanet, filho do fundador e um dos responsáveis pela operação brasileira do grupo.

O Brasil atrai investimentos estrangeiros para a área de rochas ornamentais – capitais espanhóis também já estão presentes no setor no país – pela riqueza das jazidas. Também pesa o fato de que é mais vantajoso para os grupos europeus produzir as chapas no Brasil e exportá-las diretamente para os Estados Unidos, o principal mercado, do que comprar os blocos e levá-los até a Itália para serem beneficiados antes da exportação.

As rochas brasileiras são consideradas exóticas e de rara beleza no mercado internacional, apesar de imporem dificuldade técnica de beneficiamento, diz Jörg Gallo, da Grein Brasil. É como se o país produzisse pedras preciosas, enquanto os concorrentes vendem minério. Na Vitória Stone Fair, feira internacional do setor encerrada na sexta na capital capixaba, a Grein Brasil apresentou material novo, a base de xisto, batizado de Ayrton Gold e produzido na região de Cachoeiro do Itapemerim, no sul do Espírito Santo. É esse tipo de pedra que diferencia o produto brasileiro da China ou da Índia.

“A Grein”, diz Gallo, “tem tradição no beneficiamento, distribuição e marketing, mas não atua em mineração.” Gallo informou que a empresa planeja instalar fábrica para cortar, polir e fazer a resinagem das rochas, mas o projeto será implantado por etapas. Na primeira fase, a empresa deverá investir cerca de R$ 5 milhões, incluindo a compra de um terreno, já feita, e a construção de galpão para armazenar as chapas.

Outra italiana, a Testi, poderá investir US$ 3 milhões no Brasil. O valor inclui construção de fábrica de processamento de blocos e a compra de 50% de uma área de mineração em região não revelada pela empresa. Fabio Testi, diretor de vendas da Testi Mármore e Granito, diz que a exportação de chapa do Brasil para os EUA permitirá aumentar a participação do mercado americano no faturamento da empresa. A Testi comprou área de 95 mil metros quadrados em Vitória, mas ainda avalia o melhor local para instalar a unidade em função de custos e logística.

Já Alberto Antolini, da Antolini, informou, por meio de assessoria, que a empresa está concluindo negociações com a prefeitura de Serra para implantar a fábrica de produção de chapas. Todas as empresas italianas já operam no mercado brasileiro com exportação de blocos e chapas compradas de terceiros. A construção de fábricas permite ter mais controle sobre todo o processo produtivo.

Valor Economico
Francisco Góes
28/2/2005