Gripe do frango aumenta exportação à Ásia

09/01/2009

A epidemia da gripe do frango, no sudeste da Ásia, colocou o Brasil como um dos maiores exportadores de carne da ave à região.

As remessas do produto para o Japão, o principal atacadista asiático, cresceram 129% entre janeiro e agosto deste ano em comparação com o mesmo período de 2003.

A epidemia já rendeu R$ 326,5 milhões aos produtores brasileiros que exportaram ao Japão nos oito primeiros meses de 2004. O Paraná, o maior produtor nacional de carne de frango, exportou 26,5% do faturamento (R$ 86,7 milhões), segundo levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), feito a pedido da Agência Folha.

Hong Kong, o segundo maior distribuidor local, também aumentou suas importações da ave brasileira. A elevação foi de 42%. A ilha capitalista sob domínio chinês gastou R$ 95 milhões neste ano –R$ 66 milhões de janeiro a agosto do ano passado. Japão e Hong Kong eram tradicionais clientes da Tailândia, país com um dos mais graves focos da doença, chamada também de influenza aviária.

Mortes

A gripe do frango surgiu em dezembro do ano passado, o que obrigou os produtores asiáticos a sacrifícios em massa em seus aviários. Entre o final de 2003 e setembro deste ano, 29 pessoas morreram em contato com aves contaminadas.

Missões de empresários japoneses começaram a vir ao Brasil, no começo do ano, para conhecer a estrutura das granjas. Voltaram convencidos de que poderiam suprir seus mercados com a carne brasileira.

“Nosso controle de sanidade aviária dá plenas garantias de que o frango está livre de doenças e temos um clima que evita o aparecimento de epidemias”, diz Domingos Martins, presidente do Sindiavipar (Sindicato das Indústrias Avícolas do Estado do Paraná).

“Já tínhamos investido [cerca de R$ 300 milhões] para atender às crescentes demandas interna e externa. A gripe do frango acabou surgindo como uma nova oportunidade.”

Porta aberta

A demanda asiática por carne de frango promoveu alterações em outro ranking: o dos maiores compradores continentais do produto brasileiro. O Oriente Médio permanece em primeiro, mas o sudeste da Ásia, que era o quinto maior comprador do produto, agora já está em segundo lugar. “O problema da gripe do frango abriu uma porta ao Brasil. Com certeza, as exportações não voltarão a cair porque os empresários asiáticos puderam conhecer a qualidade e a segurança do produto brasileiro”, diz Germano Vieira, assessor de Comércio Exterior da Fiep.

Até o começo do ano que vem, uma delegação de empresários coreanos chegará ao país para uma nova rodada de negociações com produtores brasileiros. Com a posição consolidada em Hong Kong, o objetivo agora é elevar ainda mais os negócios para o continente.

A Fiep organiza para março uma viagem de empresários à China a fim de divulgar a indústria aviária paranaense, entre outros setores.

A China continental também teve incremento na importação de carne de frango após a epidemia. Comprou cerca de R$ 500 mil do produto entre janeiro e agosto de 2003 -R$ 16 milhões nos mesmos meses deste ano, ou seja, as exportações brasileiras cresceram 2.949%.

Folha Online
26/10/2004