Governo tenta reparar erro de 2005 e anuncia crédito para o agronegócio
09/01/2009
BRASÍLIA – Para não repetir o erro de 2005, quando demorou demais a liberar recursos, o governo anunciou para 2006 crédito de fontes diversas à safra recorde de grãos que vem aí. Somente em recursos obrigatórios, a rede bancária vai direcionar R$ 5 bilhões.
O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Ivan Wedekin, disse hoje que apenas o Banco do Brasil (BB) está liberando R$ 2,56 bilhões para o mês de fevereiro – para custeio, comercialização e investimentos, em recursos próprios.
Os R$ 5 bilhões serão só para comercialização. Virão da obrigatoriedade dos bancos em direcionar 25% dos depósitos à vista para o crédito rural. Em 2005 foram R$ 3,5 bilhões dessa exigibilidade, com juro tabelado a 8,75% anuais.
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, fechou acordo com a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) para que sejam acrescidos R$ 1,5 bilhão ao valor de 2005, do aumento de R$ 1,7 bilhão nos depósitos à vista, desde julho.
Rodrigues e sua equipe está em negociação permanente com o mercado, a fim de garantir instrumentos de crédito em apoio à safra 2005/2006, cujas previsões são de que será recorde, entre 124,4 milhões e 126 milhões de toneladas de grãos.
O lançamento de intervenção do governo no mercado, para sustentar os preços no auge da colheita da safra, mostra a preocupação em não repetir 2005. Foi quando milhares de ruralistas fizeram um ” tratoraço ” em Brasília, porque o governo só começou a liberar recursos em setembro, seis meses após o início da colheita em março.
O vice-presidente de Agronegócio do BB, Ricardo Conceição, disse que nos R$ 2,56 bilhões para fevereiro estão R$ 640 milhões de ” sobra ” da disponibilização de janeiro. Eram R$ 2 bilhões e só foram emprestados R$ 1,36 bilhão.
Dos recursos do BB, R$ 1,1 bilhão vão para custeio e insumos da safra de inverno. Outros R$ 100 milhões complementarão recursos do Funcafé, que já tinha R$ 400 milhões desde 2005.
Para apoio a comercialização, o banco tem R$ 1,16 bilhão. Wedekin lembrou que para apoio à estocagem, compra direta e contratos de opção (hedge), operações feitas pelo governo, existem R$ 650 milhões na proposta de Orçamento da União 2006.
Além disso, emendas da bancada ruralista tentam garantir mais R$ 1 bilhão, na peça orçamentária ainda em votação no Congresso. E o vice-presidente do BB disse esperar um avanço na captação de recursos no mercado financeiro, a persistir o cenário de queda dos juros.
Fonte:
Uol Economia
Mauro Zanatta e Azelma Rodrigues
Valor Econômico e Valor Online