Governo admite estatizar Varig para revendê-la

09/01/2009

O ministro da Defesa, José Alencar, admitiu que o governo já trabalha com a possibilidade de estatizar a Varig para revendê-la “simultaneamente” em um leilão.

“A estatização imediata pode ser uma conseqüência da transformação de crédito em capital. A intenção é fazer isso simultaneamente à venda em hasta [leilão] pública”, disse Alencar.

A afirmação de Alencar foi feita pouco depois de o presidente da Varig, Luiz Martins, ter descartado a possibilidade de estatização ou de intervenção na empresa.

Alencar esteve reunido hoje com a diretoria da Varig, representantes da Fundação Rubem Berta –atual controladora da Varig–, do Unibanco e da consultoria Trevisan.

Como a maior parte da dívida da Varig é com o governo –Infraero, BR Distribuidora, entre outros–, a empresa se tornaria temporariamente estatal até que o novo controlador assumisse o controle da Varig, por meio de leilão. Pela proposta, o governo transformaria as dívidas a receber em participação acionária na empresa.

“Estamos saindo dessa reunião certos de que há uma alternativa que poderá substituir a liquidação extrajudicial da companhia, porque ela não é boa.”

O presidente, no entanto, admitiu que a troca de dívida por ações está entre as alternativas para a empresa. Mas disse que ainda falta negociar com os outros credores para definir se a proposta será implementada de fato.

Ele disse também que a Fundação Rubem Berta não se opõe a deixar o controle da Varig.

Prazos

O processo de reestruturação da empresa e aumento de capital deverá ser analisado ao longo dos próximos meses, e os credores da Varig serão chamados para discutir a proposta.

Para as empresas credoras que não puderem ou não quiserem transformar seus créditos em participação acionária, a proposta é que o prazo da dívida seja alongado. Caso haja impedimento para que alguma estatal possa realizar esse tipo de operação (estatização), por exemplo, ela poderia se enquadrar neste caso.

Para Alencar a reestruturação da Varig vai fazer com que a empresa “passe a valer alguma coisa”.

“Do jeito que está, mesmo o valor dela, da marca, dos slots internacionais, do prestígio, [a empresa] não vale nada, porque ela está desestruturada”, disse Alencar.

Questionado sobre a possibilidade de a TAM e a Gol participarem do processo, Alencar afirmou que elas podem ser candidatas na ocasião do leilão.

PATRÍCIA ZIMMERMANN
da Folha Online, em Brasília