Gasolina subirá R$ 0,05 com redução em mistura
09/01/2009
MENOS ÁLCOOL – Governo vai diminuir índice de álcool na gasolina, que hoje é de 25%, para 20%
Vera Halfen
Com a decisão do Governo federal em reduzir de 25% para 20% a mistura de álcool na gasolina, o consumidor novamente será penalizado. De acordo com o diretor do Sinpetro, Antônio Carlos Paludo, a redução de 5% de álcool implicará no aumento em torno de R$ 0,05 no litro da gasolina. Ele explica que os impostos incidentes sobre a gasolina (Pis/Cofins e Cide) são altos e a única maneira de não penalizar o consumidor é reduzir a carga de impostos e também o valor da Cide. “Não vejo lógica em tampar um buraco e destampar outro”, comenta Paludo, referindo-se à redução de álcool na gasolina e um provável aumento nos preços desta última. “Está muito cedo para se chegar a uma conclusão”, comenta.
A alta foi confirmada pelo ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, que admitiu ontem um percentual menor, ou seja que o preço da gasolina para o consumidor final poderá subir entre 1% e 2% com a medida. Esse impacto deverá variar de acordo com o Estado devido às diferentes alíquotas de ICMS.
A explicação para o aumento está no fato de que a gasolina pura, que passará a ter uma participação maior (de 25% para 20%) no produto que é vendido ao consumidor final, é mais cara que o álcool.
“A gasolina não aumentará, o que aumentará é a mistura final, que pode ter um reflexo na proporção direta de 25% para 20%, que pode ser alguma coisa da ordem de 1% ou 2%”, disse Rondeau.
Impacto
Dados repassados pelo economista Rodrigo Mello, do Instituto Brasileiro de Economia e Finanças (Ibef), apontam que a redução de 5% de álcool na gasolina, vai impactar em R$ 0,0335 sobre o litro do produto para as distribuidoras. O economista frisa que em relação às margens de lucro, cada distribuidora e também os postos aplicam percentuais diferentes, impossibilitando um cálculo preciso do preço final da gasolina para o consumidor.
A medida vai reduzir em 100 milhões de litros por mês a demanda de álcool no mercado nacional. Por outro lado, a demanda por gasolina vai subir nessa mesma quantidade. Paludo acredita que a medida do Governo, além de aumentar a oferta de álcool, vai pressionar para baixo o preço final ao consumidor.
Acordo
Os percentuais de redução do álcool deverão ser publicados no Diário Oficial da União (DOU) ainda nesta semana, segundo decisão do Governo. A decisão foi tomada depois que o acordo entre Governo e usineiros fracassou. A garantia era que o preço do álcool anidro não ultrapassase R$ 1,05. Porém, nesta segunda-feira, a cotação do produto passou de R$ 1,04623 para R$ 1,07279.
Os técnicos dos ministérios que fazem parte do Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (Cima) preparam a resolução que será assinada pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Em todo o País, o consumo atual de álcool anidro – que é misturado à gasolina – é de 500 milhões de litros por mês, que são misturados a 1,5 bilhão de litros de gasolina.
Paralelamente à redução da mistura, o Governo também irá reduzir a zero a alíquota do imposto de importação sobre o álcool. O Governo espera com as duas medidas que o acordo fechado com os usineiros seja cumprido e o preço do produto não ultrapasse R$ 1,05.
Consumo
Estudos relacionados ao consumo de combustível na cidade, apontam que para percorrer um trajeto de 45 km com álcool, são necessários dez litros do produto. Já o mesmo percurso feito com gasolina, o consumo é de cinco litros. Considerando o preço médio do álcool em R$ 2,08 (dados do Correio do Estado), o consumidor gasta R$ 20,80; já com a gasolina, com preço médio de R$ 2,77, o desembolso fica em R$ 13,85, ou seja, uma economia de R$ 6,95.
Fonte:
Correio do Estado