Furlan minimiza impacto da abertura de mercado
09/01/2009
Ministro nega que a indústria nacional irá sofrer impactos com redução de tarifas de manufaturados da União Européia
O setor industrial não tem motivos para temer a abertura do mercado brasileiro para produtos industriais de outros países, garante o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. Na próxima semana, representantes de 148 países estarão em Hong Kong, na China, para a 6ª Reunião Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC). Como instrumento de barganha com a União Européia, o Brasil leva uma oferta de redução das tarifas para a entrada de bens industriais. Em troca, quer acesso ao mercado europeu para os produtos agrícolas brasileiros.
“Não há razão para apreensão. A proposta que levamos para Hong Kong é uma proposta conservadora, não cria embaraços à produção brasileira”, assegurou. “Quando se fala em abrir determinados setores, estamos falamos em 5, 10 anos, em desonerar 0,5% a 1% ao ano. Não é uma coisa aterrorizante”, avaliou.
O ministro afirmou ainda que a desaceleração da economia este ano é resultado de um esforço deliberado de contenção da inflação. “Não é um acidente, não dá para dizer que aconteceu por acaso. Medidas monetárias foram tomadas para esfriar a economia, associadas a questões conjunturais, como a quebra de safra agrícola”, afirmou.
Furlan evitou a polêmica sobre a dosagem utilizada pelo Banco Central (BC) para baixar a inflação, mas afirmou que houve exagero em diversas áreas, inclusive no comércio exterior. “Nós não desejávamos US$ 44 bilhões de superávit este ano. O Brasil não precisa de um superávit de US$ 44 bilhões.” Segundo ele, o saldo elevado é resultado do esfriamento da economia, que derrubou as importações. “O ideal para 2006 é que as importações cresçam numa velocidade maior que as exportações”, disse. “Em 2006, terão de ser ajustadas as metas em várias áreas para que o Brasil possa crescer e as empresas ganhem competitividade.” Para o ministro, em condições normais o superávit comercial poderia ser de US$ 20 bilhões. Ele chamou de condições normais uma taxa de juros de um dígito (hoje é de 18,5% ao ano).
Furlan informou que o superávit comercial atingiu ontem os US$ 41,183 bilhões, resultado de exportações de US$ 110,045 bilhões e importações de US$ 68,862 bilhões. Ele disse que a meta de US$ 117 bilhões de exportações este ano será superada. O saldo comercial deve ficar em US$ 44 bilhões, US$ 2 bilhões acima da estimativa do governo. Diante dos dados de 2005, o ministro disse que a meta de US$ 120 bilhões de exportações em 2006 será revista.
O ministro Furlan avaliou que as empresas passam por “um período de provação”, mas se saem muito bem. Segundo ele, a combinação de câmbio valorizado e juro alto tem impacto tanto no comércio exterior quanto na demanda interna. Como exemplo, citou o setor de calçados. “É um setor que, infelizmente, sofre mais que os outros. Inflação aleija, mas câmbio mata, como dizia Mário Henrique Simonsen”, disse Furlan, parafraseando o ex-ministro da Fazenda.
Fonte:
Jornal do Comercio