Fundos de pensão e BID criam fundo de investimento
09/01/2009
Acreditando na queda dos juros, os fundos de pensão começam a transferir recursos para o setor produtivo, especialmente, o de infra-estrutura
Com a presença da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) foi palco, nesta
quinta-feira (06/07), do lançamento do Fundo InfraBrasil. Trata-se de um Fundo de Investimento em Participações (FIP’ s) para financiar projetos de
infra-estrutura do setor privado, com recursos captados junto a investidores institucionais nacionais e estrangeiros, dentre eles os fundos de pensão. O
patrimônio inicial do InfraBrasil é de R$ 620 milhões, podendo chegar a R$ 1 bilhão nos próximos seis meses, quando será encerrado o prazo para o ingresso de novos investidores.
“Essa iniciativa vai tirar da prateleira projetos que se tivessem apenas no BNDES não sairiam do papel. Além de ajudar a assegurar infra-estrutura que aumente nossa capacidade de concorrer no mundo globalizado”, disse a ministra-chefe da Casa Civil.
O InfraBrasil foi idealizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) – do qual o Brasil é o maior acionista e também o maior tomador de recursos – e
contou com a participação, para a sua estruturação, dos fundos de pensão Funcef, Petros, Previ, Valia e Banesprev, além do Banco do Brasil e do ABN AMRO Real.
Este último, ademais de gerir o fundo, analisará os projetos nas áreas de logística (rodovias, ferrovias, portos e aeroportos), telecomunicações,
distribuição de gás, energia (geração, transmissão e distribuição), água e saneamento. Funcef e Petros juntas detêm 50% dos recursos do novo fundo, podendo chegar, cada uma, a depositar R$ 225 milhões.
“Este fundo permite aos investidores de longo prazo alocar seus recursos em empresas que tenham potencial de desenvolvimento”, disse Guilherme Lacerda, presidente da Funcef, para quem a iniciativa retoma a possibilidade, que surgiu nos anos 90, de fazer investimentos no setor produtivo por meio dos fundos de participações. “O saldo dos FIP’s voltados para infra-estrutura, hoje, somam de
R$ 3 a 3,5 bilhões”, explicou.
De acordo com Lacerda, estima-se que o setor de infra-estrutura demanda recursos da ordem de R$ 10 a 15 bilhões por ano. “A expectativa é que o fundo gere um
caixa de 10% ao ano. Valor suficiente para nos remunerar e gerar o fluxo de caixa necessário para pagar nossos aposentados”, disse o presidente da Petros, Wagner Pinheiro.
Em sua opinião, o lançamento marca um momento histórico, pois é perceptível a compreensão dos maiores fundos de pensão de que a taxa de juros está caindo.
“Trata-se de um investimento de risco moderado alternativo à carteira enorme de títulos federais – cerca de 70% dos investimentos dos fundos de pensão -, que
perderá rentabilidade com a queda dos juros”, afirmou Pinheiro, durante evento.
O aspecto inovador do InfraBrasil está na participação de uma instituição multilateral – o BID – como credor, por meio de um empréstimo de 12 anos, no valor de até US$ 75 milhões, sendo que o aporte inicial será de US$ 43 milhões.
Essa operação tornou-se possível após mudanças nas regras que regem os fundos de investimentos, que permitiram que agências multilaterais e bancos de
desenvolvimentos concedam créditos ao Fundo de Investimento em Participações.
“Foi um grande avanço termos conseguido estruturar um fundo com a presença do BID, mas ainda é preciso que os empréstimos sejam feitos em moeda local”,
ressaltou Lacerda.
Segundo Geoffrey Cleaver, superintendente executivo do ABN AMRO Real, os projetos de infra-estrutura serão financiados por meio do investimento em ações
e de instrumentos de dívida de longo prazo.
Nos próximos três anos, o ABN AMRO Real deve selecionar os projetos que, além de apresentar um negócio rentável para os cotistas, deverão estar alinhados com as avançadas práticas de responsabilidade social e governança corporativa. O
desembolso por parte do fundo sairá dentro de quatro anos e o encerramento deste se dará daqui a 15 anos.
“Ao final, serão contemplados de 10 a 20 projetos, sendo que cada um deles receberá cerca de R$ 65 milhões – 10% do total de ativos do fundo”, informou
Cleaver. No momento, o banco está analisando três projetos nas duas áreas de infra-estrutrua melhor reguladas: energia e transportes.
Saturnino Sérgio da Silva, diretor-titular do Departamento de Infra-estrutura da Fiesp, salientou a importância do fundo para a iniciativa privada, mas lembrou da relevância de marcos regulatórios confiáveis para atrair os investidores.
Fonte:
Mariana Ferreira
Agência Indusnet Fiesp