Foco de aftosa pode custar até US$ 1 bilhão ao Brasil

09/01/2009

O bom desempenho das exportações de carnes poderá ser afetado com a descoberta de um foco de febre aftosa no Mato Grosso do Sul. Segundo analistas do mercado, o País pode perder, caso o bloqueio seja mais extenso, até US$ 1 bilhão nos próximos seis meses – tempo mínimo estabelecido para o embargo internacional à carne sul-matogrossense. A meta de US$ 3 bilhões de exportação total em 2005 dificilmente será atingida, especula-se.

Entre janeiro e setembro, as vendas totalizaram US$
2,44 bilhões, acréscimo de 29,8% ante o mesmo período de 2004. “Até agora, o resultado era decorrente do bom controle sanitário e da qualidade da carne brasileira”, diz Maria Gabriela Tonini, analista da Scot Consultoria. “Mas tudo pode mudar a partir desse foco”, completa.

O Mato Grosso do Sul tem o segundo maior rebanho bovino brasileiro, com 25 milhões de cabeças. O Estado é responsável por 20% das exportações totais de carne do País. Ontem, foi anunciado pelo Ministério da Agricultura a presença da enfermidade em um rebanho do município de Eldorado. Todos os 582 animais – sendo 153 infectados – foram sacrificados.

O temor dos analistas é de que o embargo seja ampliado para as regiões vizinhas, que já iniciaram planos para bloquearem o contato com animais do Mato Grosso do Sul (leia abaixo). Em 2004, após a descoberta de focos no Amazonas e no Pará, a Rússia, um dos principais compradores da carne brasileira, suspendeu a importação de todos os produtos de qualquer região do País por quatro meses.

Divisa fechada
O governo do Paraná decidiu fechar a divisa com o Mato Grosso do Sul até que se tenha uma melhor avaliação sobre o foco descoberto em Eldorado.

De acordo com o secretário estadual de Agricultura em exercício, Newton Ribas a medida visa a “resguardar o patrimônio agropecuário do Paraná”, que está em estado de alerta máximo apesar do trabalho de vigilância epidemiológica que desenvolve.

O secretário explicou que só é permitida a entrada de animais e produtos de origem animal acompanhados de documento emitido por órgão oficial na origem. O documento deve confirmar a inexistência de qualquer problema sanitário.

É importante lembrar que o Paraná possui um dos poucos sistemas informatizados de barreira de trânsito do país, o que permite o rastreamento das cargas em tempo real”, acrescentou.

De acordo com dados da Secretaria da Agricultura, o Paraná não registra febre aftosa há dez anos. O último caso foi verificado em maio de 1995, na região de Umuarama. Em 2000, o estado foi reconhecido internacionalmente como área livre de aftosa com vacinação.

Ao todo, o Paraná tem 214.988 propriedades rurais com bovinos, com rebanho de 10,094 milhões de cabeças – o que representa 5,5% do rebanho brasileiro, composto por 180 milhões de cabeças. Na última etapa da vacinação, 98,8% dos animais foram vacinados.

Fonte:
Invertia
Investnews
11/10/2005