FMI diz que há “espaço” para redução de juros no Brasil
09/01/2009
César Muñoz Acebes Cingapura, 14 set (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI) acredita que a queda das expectativas de inflação no Brasil permite mais reduções dos juros no país, cuja economia crescerá em 2006 e 2007 em ritmo um pouco maior que o previsto inicialmente pelo órgão.
Em 30 de agosto, o Banco Central reduziu em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros, para 14,25% ao ano, o nível mais baixo desde 1997.
No entanto, Charles Collyns, o “número dois” do departamento de análise do FMI, disse em entrevista coletiva que “o Banco Central está em posição muito boa” e que há espaço para reduções adicionais que possam estimular o investimento.
No relatório “Perspectivas Econômicas Mundiais”, divulgado hoje em Cingapura na Assembléia Anual do FMI com o Banco Mundial, o Fundo calcula que o Brasil crescerá 3,6% em 2006, 0,1 a mais do que tinha previsto em abril.
No entanto, esse número não chega à previsão de 4% do Governo, que os analistas consideram difícil de ser alcançada, já que os últimos dados da indústria do país ficaram abaixo do esperado.
Para 2007, o Fundo prevê um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 4%, 0,5 ponto percentual a mais do que o órgão tinha previsto na edição anterior do relatório.
Collyns, especialista na economia brasileira, reconheceu que “a resposta do crescimento foi desanimadora”, mas pediu “paciência”.
Segundo ele, o Governo “fez muito nos últimos anos para criar as bases macroeconômicas para um crescimento sustentado”.
O representante do FMI elogiou medidas como o alto superávit primário (o saldo das contas do Estado antes do pagamento da dívida) e o estabelecimento de um marco “muito confiável” no combate à alta dos preços.
O FMI prevê que a inflação continuará sua tendência em queda e irá de 6,9% em 2005 para 4,5% no fim deste ano, chegando a 4,1% em 2007.
No entanto, Collyns também fez críticas. Ele disse que o país aumentou “rapidamente” o gasto público no país nos últimos anos, graças ao aumento da arrecadação, e defendeu que Brasília pode usar melhor o dinheiro se investir mais nos programas sociais de ajuda aos mais pobres.
“O Governo conseguiu sucessos nesta área, mas pode fazer mais”, disse. Collyns também defendeu o aumento do investimento público em infra-estrutura e reformas no setor financeiro.
O especialista do FMI explicou que as altas taxas de juros no país existem, em parte, porque os bancos mantêm uma porcentagem “muito alta” de seus ativos como reserva. Collyns também acredita que o problema é agravado devido à existência de uma grande quantidade de crédito “dirigida” pelas agências públicas.
Além disso, Collyns recomendou a melhoria dos sistemas de informação sobre as empresas e as pessoas que solicitam crédito, assim como a melhoria das normas para a declaração de falência.
No relatório, o FMI elogiou a gestão da dívida feita pelo Brasil, e destacou que o país reduziu seu total e substituiu seus títulos em dólares por títulos em reais, que os torna menos vulneráveis a crises externas.
O estudo também fala sobre as perspectivas da balança externa do Brasil que, segundo o Fundo, vão piorar.
O FMI prevê que o superávit em conta corrente do país devido ao nível de exportações diminuirá de 1,8% do PIB (2005) para 0,6% em 2006, chegando a 0,4% em 2007.
Fonte:
Agencia Efe