FMI diz que ajuda externa não promove o crescimento

09/01/2009

Washington, 30 jun (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou nesta quinta-feira dois relatórios que apontam que a ajuda externa não promove o crescimento dos países pobres, uma semana antes deste importante tema ser debatido na cúpula do G8.

O próprio FMI pediu aos países ricos que dediquem mais dinheiro para ajudar as nações em desenvolvimento, mas seus economistas concluíram que a assistência não estimulou o crescimento econômico até agora.

Um dos autores dos estudos, Arvind Subramanian, esclareceu em entrevista coletiva que os relatórios se referem à ajuda outorgada para estimular o crescimento, e não “à ajuda humanitária, de reconstrução, ajuda para melhorar a saúde e combater epidemias.

Estas são claramente beneficentes e importantes”.

Subramanian e Raghuram Rajan, economista-chefe do FMI e outro autor do relatório, atribuem a nula efetividade da assistência aos efeitos negativos provada pela entrada dos fundos na economia do país que os recebe.

Estes economistas afirmam que a ajuda externa aumenta muito rapidamente os salários de pessoal qualificado como engenheiros, médicos e funcionários. Além disso, a entrada de recursos causa uma supervalorização da taxa de câmbio.

Os dois efeitos diminuem a competitividade dos produtos do país, o que prejudica as empresas manufatureiras exportadoras que usam mão-de-obra pouco qualificada – setor que precisamente foi o motor do desenvolvimento da Ásia -, segundo o relatório.

Por isso, os autores pedem precaução “quando o mundo se prepara para um novo esforço ingente de ajuda”. Inundar uma nação com recursos externos pode não ser positivo se o país carece de capacidade para absorver os fundos.

“Uma melhor solução pode ser começar lentamente e acelerar à medida que aumenta essa capacidade”, afirma um dos estudos.

“Apesar de o mundo estar impaciente para conseguir que os pobres avancem, o desenvolvimento pode requerer paciência, especialmente quando está dirigido desde fora”, acrescenta.

O modo de reduzir a dívida dos países pobres, especialmente na África, e destiná-los mais ajuda se transformou num tema na moda para discussão, em parte pelas denúncias de Bono, vocalista do grupo U2, e de outros famosos.

O Governo do Reino Unido também defende a causa e colocará o assunto em destaque na agenda da reunião do G8 – composto ainda por EUA, Canadá, Japão, Itália, França, Alemanha e Rússia – da qual será anfitrião, a ser realizada na cidade de em Gleneagles (Escócia).

Mas os estudos do fundo são uma chamada de atenção que aponta que a pobreza não é simplesmente uma função da falta de ajuda.

Na entrevista coletiva, Mark Plant, assessor do Departamento de Desenvolvimento de Política e Revisão do FMI, destacou a importância da qualidade das instituições e as normas da nação que recebe a ajuda, assim como a coordenação entre países e agências doadoras.

Além disso, reiterou a chamada aos países desenvolvidos para que abram seus mercados aos produtos das nações pobres. Essa medida poderia atenuar os danos que a ajuda externa provoca no setor exportador.

Uol Economia
Fonte: Agencia Efe
30/6/2005