FMI decidirá avanço na distribuição do voto a países como Brasil

09/01/2009

César Muñoz Acebes Washington, 16 abr (EFE).- Os membros mais poderosos do Fundo Monetário Internacional (FMI) deverão decidir, durante a Assembléia do órgão na semana que vem, se seguem adiante ou não com o projeto para dar mais voto a países como Brasil, México e China.

A redistribuição do voto é parte de um pacote mais amplo de reformas do FMI, que pretende adaptar seu papel à nova situação política e econômica global, em vez de permanecer estagnado no mundo de 1944, quando este órgão foi fundado.

De acordo com Edwin Truman, ex-número dois do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, “não haverá nada concreto na próxima semana, a questão é se haverá algo concreto em Cingapura”, onde acontecerá em setembro a Assembléia Anual do FMI e do Banco Mundial.

Então, na semana que vem, não haverá grandes anúncios, mas a reunião será uma medida da disposição dos países-chave do órgão para aceitar mudanças, explicou Truman.

O encontro marcará a passagem “do período de reflexão para o da ação”, afirmou à EFE uma fonte que participa das discussões do plano de reforma.

O sinal essencial será enviado no sábado pelo Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC, em inglês), o órgão executivo do mais alto nível do órgão.

Neste Comitê estão os ministros de economia ou presidentes dos bancos centrais de 24 países que representam os 184 membros da instituição.

Este grupo deverá dar um mandato à direção e à gerência do FMI para avançar sobre a reforma, de modo que na reunião em Cingapura tenham propostas específicas.

Para o diretor-gerente do FMI, Rodrigo Rato, o tema é de especial importância, pois a reforma do órgão é sua “menina-dos-olhos”.

Em setembro, Rato publicou um relatório sobre a “estratégia a médio prazo” do FMI, no qual alertou que, caso a distribuição do voto não fosse revista, o órgão perderia legitimidade.

As fórmulas de representação foram fixadas em 1944 na conferência de Bretton Woods, na qual nasceram o FMI e o Banco Mundial, e refletiam o peso político e econômico das nações naquela época.

Mas, desde então, os países em desenvolvimento cresceram mais rápido que os industrializados, e agora os dois grupos têm um Produto Interno Bruto (PIB) semelhante, medido em paridade de poder de compra.

Por outro lado, as nações em desenvolvimento continuam tendo apenas 38% do voto no FMI. A mais beneficiada, especialmente, é a Europa, que tem 70% a mais de voto que o próprio EUA.

Ainda não há uma proposta precisa de reajuste de poder sobre a mesa, mas o IMFC poderia pedir que a gerência elabore opções concretas após este encontro.

Truman, que escreveu um livro sobre a reforma do FMI, tem sua própria sugestão: primeiro, os países industrializados deveriam transferir 10% de seu voto aos mercados emergentes, especialmente os asiáticos.

Numa segunda fase, seria estabelecida uma nova fórmula para determinar o voto que reflita o peso econômico de cada país.

Outro objetivo da reforma é tornar mais representativo a direção, que é o órgão que toma as decisões do dia-a-dia e no qual a voz é importante, pois opera por consenso.

Truman propõe que a Europa, que tem acesso a dez cadeiras – três de forma rotativa -, renuncie a essas três imediatamente e eventualmente fique com apenas uma.

A reforma também pretende replanejar o trabalho do FMI. Rato sugeriu criar um novo tipo de programa creditício que dê acesso a uma grande quantidade de divisas a países com boa política econômica, mas que ainda assim são vulneráveis a crise financeiras.

Rato também se manifestou a favor de que o FMI analise com mais detalhes as taxas de câmbio, algo no que insistem os EUA, que alegam que a China desvaloriza artificialmente o iuane para manter o superávit comercial com Washington.

A batalha será transferida esta semana ao IMFC.

Fonte:
Uol Economia
Agencia Efe