Fluxo de capitais para emergentes supera nível pré-crise asiática

09/01/2009

Esses países receberam 358 bilhões de dólares no ano passado, o maior volume da história

Por Fabrícia Peixoto

EXAME O grupo dos países emergentes voltou à moda. No ano passado, esses mercados receberam um fluxo recorde de capitais: foram 358 bilhões de dólares, seja em forma de investimentos diretos ou em aplicações financeiras. O valor supera, inclusive, o montante registrado em 1996, época da euforia que logo depois levou à crise asiática. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (20/1) pelo Institute of International Finance (IIF).
Dessa vez, porém, não há motivo para pânico. Ou, pelo menos, quase. “Nunca é impossível, mas os índices econômicos atuais mostram um cenário muito diferente daquele de 1997”, diz o economista John Williamson, especialista em mercados emergentes do Institute for International Economics (IIE).

Segundo ele, a grande diferença está no perfil do balanço de pagamentos desses países. Nos anos 90, muitos deles enfrentavam déficits em conta-corrente. Hoje, a situação é oposta nesse sentido, com a maior parte das economias comemorando superávits. Williamson cita o caso do Brasil, que em 1997 tinha um déficit com conta-corrente equivalente a 1,9% do PIB, enquanto hoje o que existe é um superávit primário de 4,5%. “É até demais”, diz o economista.

Ambiente favorável

Como já era previsto, a China foi o principal destino dos investimentos estrangeiros em 2005. Sozinho, o país recebeu 27% de todo o fluxo de capitais, o que corresponde a quase 100 bilhões de dólares. Toda a região da América Latina recebeu menos da metade disso: 44 bilhões de dólares.

Todos esses países foram beneficiados por um ambiente internacional bastante favorável em 2005, sobretudo por altos níveis de liquidez. No entanto, a festa tende a esfriar esse ano. De acordo com o estudo do IIF, muitos dos países emergentes aproveitaram o bom cenário econômico de 2005 para refinanciar suas dívidas, e parte delas vencem neste ano. Com isso, a previsão é de que o fluxo de capitais para os emergentes seja um pouco menor em 2006 (322 bilhões de dólares), mas ainda um dos mais altos da história.

Os membros do IIF – uma associação internacional que engloba instituições financeiras de todo o mundo – alertam para a necessidade de mudanças nos países em desenvolvimento. Segundo eles, o risco de déficit no balanço de pagamentos ainda persiste em alguns países, e os investidores devem se manter atentos aos fundamentos econômicos.

Fonte:
Exame