Fim do acordo de têxteis já afeta os preços

09/01/2009

São Paulo, 17 de Março de 2005 – A expectativa é de redução de cerca de 15%. O fim do Acordo de Têxteis e Vestuário (ATV), que limitava, por país, o volume de importações desses itens, e o conseqüente aumento da concorrência chinesa estão pressionando os preços dos produtos exportados pelas fábricas brasileiras para os Estados Unidos. O diretor comercial da Marisol, Robson Amorim, diz que os importadores já pautam valores entre 5% e 10% inferiores em comparação ao ano passado. “E a Marisol não atua nos segmentos mais populares, de artigos básicos, justamente nos quais a concorrência está mais acirrada”, afirma o executivo.Para garantir vendas melhores, Amorim disse que a empresa está procurando parceiros dispostos a pagar pela qualidade e agilidade nas entregas. “A China demora um mês para entregar uma amostra, enquanto levamos de uma semana a 10 dias”, informa.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau (Sintex), Ulrich Kuhn, informa que a previsão é de que o fim do contingenciamento, em 31 de dezembro último, provoque uma redução média de 15% nos preços entre os anos de 2005 e 2006. “O Brasil não absorve esse percentual, principalmente com o problema do câmbio. Na média, não é um setor de alta margem. Em uma exportação, um lucro líquido de 5% é um grande negócio, não é commoditty, é um lucro bom”, afirma Kuhn.

O câmbio foi considerado pelo empresário Ivo Rosset o principal responsável pela perda de 15 negócios no exterior. “O mercado externo é astronômico, o cliente pede 10 mil peças e, se gostar do produto, pode pedir 1 milhão.” O presidente do grupo Rosset, que entre outras marcas é dono da Valisère e da Cia. Marítma, afirma que existe espaço no mercado externo para os produtos brasileiros e os clientes do exterior até aceitam algum repasse de aumentos nos preços da matéria-prima (já que são aumentos internacionais), mas não há como repassar a diferença no câmbio. “Tivemos 45% de aumento da matéria-prima e mais 15% de desvalorização do dólar, isso dá um impacto de 60% a 65% nos nossos custos”, ressalta o empresário.

Gazeta Mercantil
Rita Karam
17/3/2005