Fiesp/importações prejudicam desempenho da indústria
09/01/2009
O desempenho do Indicador de Nível de Atividade (INA), divulgado hoje pela Federação das Indústrias do Estado de São Palo (Fiesp) e pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), de -1,1%, em março ante fevereiro (com ajuste sazonal), demonstra que a indústria paulista de transformação está se recuperando, porém a níveis mais baixos que o restante dos setores da economia, como o comércio, por exemplo. O motivo, segundo as entidades, é a o aumento das importações devido à valorização do real, auxiliada pelas altas taxas de juros brasileiras.
O diretor do Departamento de Economia da Fiesp, Feres Abujamra afirmou que o comércio apresentou um desempenho bastante superior ao da indústria nos últimos meses. Ao comparar as curvas da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) e da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Abujamra ressaltou a presença cada vez maior de produtos importados nos estabelecimentos comerciais. O diretor do Departamento de Economia do Ciesp, Antonio Correa de Lacerda, completou que historicamente, até 2005, comércio e indústria apresentavam comportamentos semelhantes.
Os diretores salientaram, ainda, que 2006 foi o terceiro ano consecutivo em que a indústria apresentou desempenho inferior ao Produto Interno Bruto (PIB) do País. “Se as importações continuarem crescendo desta forma, em breve teremos o início de um processo de desemprego da indústria da transformação paulista”, prevê Abujamra.
Abujamra lamentou também que, na projeção de crescimento do PIB para 2007, divulgado pela entidade hoje, de 4%, o agregado da indústria contribuirá com apenas 1,1 ponto porcentual. A previsão de crescimento para o setor em 2007 é de 3,7%. A indústria da transformação, mais especificamente, contribuirá com apenas 0,5 ponto porcentual, com crescimento previsto em 2007 de 2,5%. “Essa é uma contribuição ridícula. Certamente poderíamos contribuir muito mais com o País, economicamente e na questão dos empregos, caso tivéssemos juros mais baixos e câmbio menos valorizado”, opinou.
Ao explicar os resultados do INA em março, Lacerda explicou que o mês de costuma apresentar uma alta de 13%, em média, sem ajuste sazonal, ante fevereiro. O resultado inferior neste ano, de 11,2% teve um peso importante no resultado negativo do indicador com ajuste sazonal, que, por este motivo, fechou em -1,1%, ante fevereiro, apesar do número maior de dias trabalhados em março.
“A média do desempenho da indústria é tímida. Alguns setores vão muito mal, como borracha e plástico, enquanto segmentos como construção civil, fabricação de materiais para o setor elétrico, papel e celulose e máquinas e equipamentos vão bem, embora puxados por características bastante específicas”, declarou o diretor do Departamento de Economia da Fiesp, Feres Abujamra.
Segundo ele, as desonerações são uma das causas do crescimento do setor de construção civil. No setor elétrico, o destaque ao programa “Luz para Todos”, e a produção de máquinas e equipamentos está muito ligada às encomendas do setor sucroalcooleiro. Ele disse também que as condições do País, como solo e clima, favorecem o setor de papel e celulose.
Fonte:
A Tarde