Fiat investirá R$ 1,3 bilhão no Brasil em dois anos

09/01/2009

A direção mundial da Fiat anunciou ontem, na Itália, um investimento de R$ 1,3 bilhão no Brasil, entre este ano e 2007. O reforço de recursos traz à fábrica de automóveis brasileira fôlego para retomar projetos de lançamento de novos modelos.

O anúncio foi feito pelo presidente mundial da companhia, Sergio Marchionne, ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves, que foi até a sede da empresa em Turim.

A montadora italiana não forneceu detalhes dos planos para utilização dos recursos. Divulgou apenas, por meio de nota, que o investimento será destinado ao “desenvolvimento de tecnologias, processos e produtos”.

O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) facilitará parte dos investimentos em Betim. Segundo Aécio Neves, “entendimentos na área fiscal” permitiram que o aporte fosse realizado na unidade de Betim, vencendo a disputa com outras duas fábricas da montadora, uma na própria Itália e outra na Polônia.

O governo mineiro não divulgou detalhes do acordo com a Fiat nem o valor que deverá ser financiado pelo banco de fomento do Estado. “Foram entendimentos onde o Estado participou com enorme reserva, como era adequado, nos últimos meses”, contou ele. O governador lembrou, ainda, que a Fiat cresce em Betim, ao contrário do que ocorre em outras partes do mundo.

O último programa de investimentos da montadora italiana no Brasil somou R$ 3 bilhões, que começaram a ser aplicados em 2002, com previsão de encerramento em 2006. Logo em seguida, o programa recebeu volume suplementar de R$ 400 milhões, destinado à construção de um centro de desenvolvimento tecnológico em Betim.

Com o último lote de investimentos, a Fiat renovou a família Palio, lançou o médio de luxo Stilo, modernizou o Mille e se prepara agora para o início da produção da minivan Idea, até o fim do ano. Além disso, desenvolveu a tecnologia do motor bi-combustível.

“Para a Fiat Auto, o Brasil é o nosso segundo maior mercado mundial e o Estado de Minas Gerais tem-se mostrado parceiro valioso durante os mais de 30 anos que estamos no país”, disse Sergio Marchionne à Bloomberg News.

O balanço mundial da companhia, em 2004, registrou prejuízo líquido de 1,59 bilhão de euros, sua terceira perda anual consecutiva. A companhia espera prejuízo menor neste ano e para 2006 planeja equiparar receitas e despesas.

No mercado brasileiro, a Fiat Automóveis teve prejuízo de R$ 431,3 milhões no ano passado. O resultado, que representou um aumento de 51,56% nas perdas na comparação com o ano anterior, foi provocado pelo reconhecimento da perda de valor de ativos, principalmente a fábrica na Argentina, que deixou de produzir veículos há mais de três anos.

Desde 1973 no Brasil, a Fiat produziu 437 mil veículos no ano passado, 22% mais do que em 2003. Em 2004, a empresa conseguiu recuperar parte da sua vocação de montadora exportadora, com a venda de 77 mil veículos no exterior, o que lhe rendeu receita de US$ 478 milhões. Para Aécio Neves, a fábrica brasileira deverá se transformar cada vez mais em plataforma de exportações.

O faturamento total da empresa foi de R$ 7,95 bilhões, um aumento de 31,2% em relação ao exercício anterior. No mercado interno, a Fiat vendeu 349, 1 mil veículos, volume que representou aumento de 2,4% em relação a 2003, mas que fez a empresa reduzir a participação de 25,27% para 23,55%, perdendo o primeiro lugar para a General Motors. A marca retomou o primeiro lugar nas vendas acumuladas no primeiro trimestre.

Valor Economico
Marli Olmos De São Paulo
(Colaborou Ivana Moreira, de Belo Horizonte)