Falta de educação bloqueia o crescimento latino-americano

09/01/2009

PARIS, 16 set (AFP) – Transformar parte da dívida externa dos países latino-americanos em investimentos em educação estimulará o crescimento econômico, a democracia na região e, ao mesmo tempo, criará novas relações de confiança entre o Norte e o Sul, recordou nesta sexta-feira o ministro da Educação argentino, Daniel Filmus, falando na sede da Unesco em Paris.

“A América Latina continua sendo a região mais desigual do mundo e uma das que menos investe em educação. Nossa enorme dívida condiciona nosso crescimento econômico e isso impede os investimentos sociais. É um círculo vicioso”, afirmou.

Há algum tempo países como Brasil e Argentina propõem a seus credores um pagamento parcial da dívida, mas sob a forma de um projeto social.

Segundo Filmus, atualmente muitos países latino-americanos gastam mais no pagamento de juros da dívida do que em educação ou saúde juntos.

Objetivos como a universalização do ensino e a erradicação total do analfabetismo estão longe de serem alcançados na região. Para isso faltam investimentos de 148 bilhões de dólares, segundo o ministro argentino.

Segundo ele, nos últimos anos o setor educacional na América Latina melhorou em quantidade, mas não em qualidade. “Há menos analfabetos e menos desigualdades entre homens e mulheres, mas o ensino obrigatório não é garantido e as crianças passam mais tempo na escola, mas aprendem menos”, enfatizou.

Além disso, recordou que atualmente muita gente que ficou sem trabalho nos anos 90 não tem formação suficiente para se reincorporar ao mercado de trabalho.

A troca da dívida latino-americana (que representam mais de 30% do total mundial) pela educação será um dos temas centrais da cúpula ibero-americana de Salamanca (Espanha) de educação, que será realizada em outubro.

Fonte:
AFP
16/9/205