Exportador brasileiro leva seis meses para receber da Venezuela, diz a Fiesp

09/01/2009

A Fiesp está divulgando à imprensa uma nota em que relata problemas apontados por empresários brasileiros que exportam produtos para a Venezuela.

Segundo o texto da Federação das Indústrias, o governo venezuelano criou um sistema de comércio exterior extremamente burocrático, que pode atrasar em até seis meses os pagamentos pelas importações feitas por empresas da Venezuela.

De acordo com um dos diretores da Fiesp, Carlos Cavalcanti, os importadores venezuelanos alegam que os entraves burocráticos são manobra do presidente Hugo Chávez para minar a credibilidade do setor privado, tem em vista uma posterior estatização.

A íntegra da nota da Fiesp:

“Um estudo elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo mostra que empresas brasileiras que exportam para a Venezuela podem esperar até seis meses para receber o dinheiro. No final de maio, 75 empresas se reuniram na sede da Fiesp para reclamar da demora do pagamento das exportações. Relataram que os atrasos chegam a seis meses e que somam mais de US$ 23 milhões, com casos de empresas que esperam há três anos para receber.

No entanto, segundo o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Carlos Cavalcanti, esse valor é somente a “ponta do iceberg”, já que muitas empresas não informaram seus números por medo da concorrência. Cavalcanti estima que os atrasos podem afetar até US$ 100 milhões em exportações brasileiras. “Os importadores venezuelanos alegam que se trata de uma manobra do presidente Hugo Cháves para tirar credibilidade do setor privado para posterior estatização”, disse.

Os setores mais afetados no Brasil são alumínio, com 36%, materiais elétricos, 26%, veículos e tratores, 11%, máquinas e instrumentos mecânicos com 5,5%, conforme aponta o estudo. O setor de alumínio acumula uma espera para o pagamento de suas exportações de três a seis meses, com uma soma de US$ 8,4 milhões. Em materiais elétricos, os valores somam US$ 5,9 milhões, 56% oscilam de seis meses a um ano de atrasos.

Sem citar o nome, o estudo da Fiesp mostra uma empresa que exportou para Venezuela US$ 1,96 milhão a um câmbio de US$ 2,14, (R$ 4,2 milhões) com prazo para recebimento em 25 de outubro de 2006. Após sete meses de atrasos, se a empresa tivesse recebido hoje (5/6) com um câmbio a US$ 1,94, teria obtido uma receita de R$ 3,8 milhões, perdendo um capital de R$ 367 mil.

Em outro estudo de caso, se essa mesma empresa tivesse aplicado o dinheiro com rendimento de 7,66% no período (taxa Selic menos inflação), teria alcançado um capital de R$ 320 mil. Ou seja, o atraso da Venezuela representou um prejuízo para esta empresa de R$ 741 mil.

A morosidade para o equacionamento das dívidas está sendo provocada pela burocracia da Comissão de Administração de Divisas da Venezuela (Cadivi). A entidade foi criada em 2003 com objetivo de coordenar, administrar e estabelecer requisitos para a entrega de divisas aos diversos agentes econômicos. O Cadivi é subordinada ao presidente Cháves e formada por cinco diretores – quatro deles militares.

Na prática, o órgão é responsável por autorizar a aquisição e a liquidação de divisas, controlando, assim, o câmbio do país. Para exportar e importar pelo Cadivi, as empresas dos dois países precisam enfrentar uma seqüência burocrática de 18 procedimentos. A empresa venezuelana que deseja importar precisa se cadastrar no Registro de Usuários do Sistema de Administração de Divisas (Rusad), que solicita a apresentação de nove documentos, burocratizando o processo.”

Fonte:
Cidade Biz