Exportações para o Brasil ultrapassam os cem milhões – Graziano Messana ao Eco di Bergamo

O presidente da ITALCAM, Graziano Messana, divulgou ontem entrevista realizada ao Eco di Bergamo analisando a atuação das empresas da região de Bergamo no mercado brasileiro:

A exportação para o Brasil do setor da fabricação de Bergamo voa e supera também os níveis pre-Covid. De fato, no terceiro trimestre de 2021 foi registrado recorde de vendas para as empresas Orobic, cem milhões (103,8 para ser exato) contra 79 milhões no mesmo período de 2019 e apenas 61 milhões em 2020. Para o Brasil, a Itália é o segundo maior parceiro comercial da Europa e o sétimo a nível mundial. Apenas em 2021, as importações do nosso país ultrapassaram 5 bilhões de dólares, principalmente com tecnologia, máquinas, componentes e produtos farmacêuticos, explica Graziano Messana, presidente da Italcam, Câmara de Comércio Ítalo-Brasileira de São Paulo. Máquinas e equipamentos mecânicos representam mais de 40% das importações brasileiras de Bérgamo (com +45% em relação a 2020), enquanto os produtos químicos têm peso de 25% e meios de transporte 14%.

Em um país que tem 32 milhões de descendentes de italianos – continua Messana – tudo made in Italy é bem recebido, em especial móveis, moda, alimentos e vinho, onde a Itália possui muitas excelências, mas também maquinário e tecnologia, que os brasileiros compram com serenidade associando-os com altíssimo padrão de qualidade. Em alguns casos, então, a excelência italiana movimenta e produz diretamente no local, como no caso dos barcos Azimut, que fazem muito sucesso no Brasil.

O Brasil certamente não está passando por um momento fácil, com o risco de estagnação nos portões e o fator incerto das próximas eleições presidenciais em outubro, que provavelmente terão o conservador de extrema-direita Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula da Silva do Partido dos Trabalhadores. Caso não surja um candidato que possa agregar o centro, a campanha eleitoral promete ser dura e polarizadora, o que afetaria negativamente os investimentos também de empresas estrangeiras.

O presidente da Italcam destaca, no entanto, que “o Brasil é um país que historicamente sabe sair rápido das crises”, tanto que, apesar das infecções e de uma taxa de desemprego ainda elevada, “o consumo voltou aos níveis pré-pandemia e presenciamos um autêntico boom inclusive de novas cotações, chegando a 38 empresas só em 2021, quanto em fusões e aquisições também realizadas por investidores estrangeiros favorecidos pelo câmbio.” Segundo ele, as empresas locais devem “aproveitar o câmbio favorável para investir e se posicionar no horizonte de médio prazo. Empresas como a Pirelli, que está no Brasil há 90 anos, certamente não pensam no curto prazo. “Aí vem todo o mundo do e-commerce, que vê 70 milhões de compradores fazendo compras todos os dias.” 

Quase 104 milhões de euros em produtos manufaturados de Bergamo foram exportados para o Brasil entre julho e setembro de 2021, mais de 20 em relação ao terceiro trimestre de 2019, ainda não marcado pela pandemia. Os aumentos foram significativos para todas as categorias de produtos. O primeiro item das exportações da Orobic para o país sul-americano é representado por máquinas e equipamentos mecânicos, que representam mais de 40% com mais de 37 milhões de euros (+ 45% em relação a 2020). Também em grande procura estão as substâncias e produtos químicos, que valem cerca de um quarto do total com 23 milhões, e os meios de transporte, que representam 15% com quase 15 milhões de euros. Metais básicos e produtos de metal também apresentam bom desempenho, com vendas de quase 11 milhões, embora no terceiro trimestre de 2021 tenham perdido uma posição no ranking de exportações, caindo do terceiro para o quarto lugar. Itens em borracha e plástico pesam 8 milhões, enquanto computadores e aparelhos eletrônicos se comparam com eletrodomésticos, ultrapassando 2 milhões, seguidos por alimentos e bebidas, que valem 1,8 milhão.

A fome de infraestrutura

Não só isso: “Lembremos também – destaca Messana – que o Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes, portanto um mercado saída transversal e interessante que realiza privatizações e tem necessidade de infra-estrutura. Não é por acaso que um grupo importante como Leonardo está agora em expansão a oferta de seu portfólio e as Estradas de Ferro do Estado estão analisando várias oportunidades”.
Este ano a Italcam comemora 120 anos de sua fundação, que ocorreu em 1902. Entre os sócios estão também empresas de Bérgamo, 44 presentes em todo o Brasil (mas as italianas somam mais de 900 no total), mais da metade no Estado de São Paulo. “Nossa Câmara mudou de cara, inovando muito – ressalta Messana. É uma interface que oferece os serviços tradicionais, a partir de estudos setoriais ou de viabilidade e análise sobre a concorrência , e chegam a acompanhar, quase de forma didática, o empreendedor que decide investir ou exportar no Brasil tentando mitigar ao mínimo os erros. Nesse sentido fazemos um grande esforço conjunto com o Sistema Italiano, liderado pela nossa Embaixada da Itália.”

Graziano Messana
Presidente da Câmara de Comércio de São Paulo, em entrevista ao Eco di Bergamo