Exportações brasileiras à Argentina batem novo recorde

09/01/2009

Comércio inter-regional cresceu 415% entre 1990 e 2005

BUENOS AIRES – As exportações brasileiras para o mercado argentino bateram em julho um novo recorde, chegando a US$ 1,131 bilhão, o que implica um aumento de 33,2% em relação ao mesmo mês do ano passado e de 18,1% em comparação com junho. O anúncio foi realizado pela consultoria Abeceb.com, que também indicou que o superávit comercial do Brasil com a Argentina em julho foi de US$ 353 milhões, o equivalente a um crescimento de 2% em comparação com o mesmo mês do ano passado e 8% a mais do que em junho. Desta forma, o País alcançou a marca de 38 meses consecutivos de superávit comercial com a Argentina.

Entre janeiro e julho o Brasil acumulou um superávit comercial com o vizinho do Mercosul de US$ 2,183 bilhões. Isso equivale a um aumento de 14,3% em relação ao mesmo período do ano passado.

Apesar do substancial superávit comercial brasileiro, em Buenos Aires existe relativa expectativa por uma lenta e gradual alteração da situação a favor da Argentina, já que o crescimento das exportações argentinas ao mercado brasileiro está mostrando melhor desempenho que as vendas brasileiras para o mercado argentino.

Em julho, as vendas argentinas para o Brasil aumentaram 54,7% em comparação com o mesmo mês do ano passado, enquanto que as exportações brasileiras para o vizinho subiram 33,2%.

Tomando como base junho, as vendas argentinas a seu principal sócio aumentaram 23,3%. Na mesma comparação, as exportações brasileiras para a Argentina cresceram 18,1%.

Segundo fornecedor
Além disso, a Argentina recuperou o lugar de segundo maior fornecedor de produtos para o Brasil (os Estados Unidos ocupam a pole position, enquanto que a China está em terceiro lugar). Os principais produtos argentinos exportados para o Brasil são trigo, derivados de petróleo e gás de petróleo.

Na contra-mão, o Brasil vendeu à Argentina produtos de óleos combustíveis, automóveis veículos de carga e telefonia celular, além de autopeças e motores para veículos.

Comércio em crescimento
Em uma coluna de opinião publicada nesta quarta-feira pelo jornal Clarín, a ex-secretária de Indústria e Comércio Beatriz Nofal afirmou que a Argentina foi o país que “mais colocou capital na sociedade de integração do Mercosul, já que é o que mais contribui proporcionalmente ao comércio inter-regional com sua demanda de importação”. Por outro lado, segundo Beatriz, “o Brasil é o sócio que mais se beneficia com isto, aumentando majoritariamente suas exportações ao bloco”.

Beatriz indicou que o comércio inter-regional, ou seja, entre os integrantes do Mercosul, cresceu 415% entre 1990 e 2005, passando de US$ 4,1 bilhões a US$ 21,21 bilhões. Segundo a ex-secretária, nesse período as importações argentinas desde o Mercosul cresceram 1.155%, volume que explica 59% do aumento do comércio dentro do Mercosul. Beatriz sustenta que a maior contribuição proporcional da Argentina ao crescimento do comércio interno do bloco acentuou-se nos últimos anos.

As importações brasileiras desde o Mercosul cresceram 204% entre 1990 e 2005. Nesse período de 15 anos as importações do Paraguai e Uruguai desde o Mercosul aumentaram 312% e 192% respectivamente, explicando 7% e 6% de aumento do comércio inter-regional.

Beatriz alerta: “o crescimento do comércio inter-regional não pode depender da locomotiva da demanda da importação da Argentina”.

Fonte:
Estadão.com.br