Exportação em 2005 dependerá mais do câmbio
09/01/2009
São Paulo, 8 de Novembro de 2004 – BC pode intervir se a cotação do dólar cair a R$ 2,75.
Exportadores e mercado financeiro divergem quando o assunto é a cotação do real em relação ao dólar. Industriais e um grupo de economistas temem reflexos negativos sobre as exportações de um real valorizado. Já os analistas do setor financeiro afirmam que o mercado é eficiente para encontrar um ponto de equilíbrio, isto é, uma taxa capaz de manter estimuladas as exportações sem pressionar a inflação.
Quem defende a desvalorização do real se baseia no cenário que propiciou o crescimento das exportações a partir de 2000: moeda desvalorizada e retração do mercado interno. E lembra que o recorde de 2004 – previsão de US$ 94 bilhões em exportações – pode não se repetir, mantidas as atuais condições. Segundo Rogério Mori, coordenador de macroeconomia aplicada e professor da Escola de Economia da FGV/SP, a valorização do real já é sensível. “Se deflacionarmos o câmbio de setembro deste ano utilizando o IPCA, chegamos à conclusão de que o real está 16,3% valorizado em relação a dezembro de 2002”, calcula Mori. “Por conta de uma defasagem natural, os reflexos só serão sentidos a partir de 2005.”
A busca do “câmbio ideal” não é, obviamente, tarefa fácil. O problema, segundo o economista Fernando Ribeiro, da Funcex, é a forma como os setores são afetados. “Enquanto umas indústrias perdem, as que usam mais insumos importados podem ganhar com o real valorizado.” Ribeiro acredita que a taxa possa ser algo próxima de R$ 3.
Embora considere essencial manter o superávit comercial, o setor financeiro tem uma visão diferente. Para Joel Bogdanski, gerente de política monetária do banco Itaú, o mercado tem meios para fazer a correção necessária. “Boa parte da estabilização foi conseguida com o câmbio flutuante”, justifica. Vladimir Caramaschi, economista-chefe do banco Fator, faz coro. “Com a cotação do dólar estagnada ou em queda em relação ao real, em algum momento o Banco Central vai entrar no mercado para comprar divisas e ampliar as reservas cambiais, elevando a taxa”. Em sua opinião, isso deve ocorrer quando o dólar for cotado abaixo de R$ 2,75.
Gazeta Mercantil
Jiane Carvalho
8/11/2004