Expansão perde força e BC admite inflação maior

09/01/2009

O Comitê de Política Monetária (Copom) deu um sinal de flexibilidade ao anunciar que deixou de perseguir o centro da meta de inflação prevista para 2005, de 4,5%, e passou a atuar com base em uma taxa de 5,1%. A informação consta da ata da reunião do Copom da semana passada, que elevou a taxa básica de juros pela primeira vez desde fevereiro de 2003, de 16% para 16,25%. O documento também sugere que um processo de “ajuste moderado” da Selic será necessário para atingir o novo alvo de inflação.

O mercado financeiro recebeu bem as notícias e também a decisão do governo de elevar a meta de superávit primário de 4,25% para 4,5%, anunciada no início da noite de quarta-feira. A Bovespa fechou em alta de 0,85%, a 22.943 pontos e volume de R$ 1,07 bilhão. O dólar recuou 0,03%, para R$ 2,8810, e o risco-Brasil avançou 1,07%, para 472 pontos-base.

A ata do Copom explica que o Banco Central passou a aceitar uma inflação mais alta, sem mudar o teto de 7%, para acomodar a inércia inflacionária de 0,9 ponto percentual para o ano que vem. O BC vai aceitar 0,6 ponto e “enfrentar” 0,3 ponto. A ata também faz considerações sobre o aumento da demanda, no sentido de ajustá-la à oferta, e manifesta preocupação com o crescimento, cujo tamanho tem de ser aquele que a economia possa suportar. Mas já indicou que parte do fôlego inicial diminuiu.

A pesquisa mensal de emprego do IBGE, divulgada ontem, mostrou um aumento da taxa de desocupação para 11,4% e queda de 1,4% no rendimento médio real ante julho. Isso reforçou sinais de acomodação no ritmo de crescimento já presentes em outros indicadores. Em agosto, a produção de papelão ondulado caiu 4,2% sobre julho em termos dessazonalizados e no comércio de São Paulo as vendas a prazo recuaram 1,8% em relação a julho. Os dados quinzenais indicam nova retração em setembro.

Valor Online
24/9/2004