Europa faz crítica velada ao protecionismo da Argentina
04/09/2012
BUENOS AIRES – O presidente da Comissão Europeia (CE), José Manuel Durão Barroso, criticou hoje o protecionismo de "alguns países" do Mercosul e disse que essa postura não ajuda nas negociações para estabelecer uma área de livre comércio entre os dois blocos econômicos. Em discurso aos embaixadores europeus, Barroso afirmou que a União Europeia (UE) "ainda tem o objetivo de fechar um acordo" de associação, embora não haja avanços nas discussões. Segundo ele, "as recentes posturas protecionistas de alguns membros do bloco não ajudam" no processo negociador.
Barroso disse que na cúpula UE-América Latina, a ser realizada no próximo mês, no Chile, espera ter algum sinal positivo do bloco e que este dê uma "clara mensagem contra o protecionismo e certas formas de populismo". Barroso não citou nomes, mas o recado teve um destinatário certo: a Argentina. A relação entre a UE e o governo de Cristina Kirchner passa por um de seus piores momentos desde abril, quando a Casa Rosada decidiu expropriar 51% das ações da espanhola Repsol na petrolífera argentina YPF.
No mesmo mês, a Espanha suspendeu as compras de biodiesel argentino. Na semana passada, a Comissão Europeia abriu investigações de dumping nas importações do produto originário da Argentina e da Indonésia. Antes, a UE denunciou a Argentina na Organização Mundial de Comércio (OMC), abrindo caminho para uma lista de países contrários às licenças não automáticas generalizadas de importação que Cristina Kirchner impôs desde fevereiro. Japão, EUA e México acompanham a UE nas reclamações. As disputas comerciais entre a Argentina e a Espanha representam uma dificuldade adicional ao entendimento que vem sendo travado há anos.
As negociações entre a UE e o Mercosul têm avançado pouco ou quase nada, em meio à crise no Velho Continente. Os grupos de trabalho alinhavam os textos sobre as regras de concorrência, defesa comercial, solução de controvérsias, compras governamentais, investimentos, regras de origem, barreiras técnicas entre outras. No entanto, continua pendente um entendimento no que diz respeito à troca de oferta de produtos.
A dificuldade maior reside na postura europeia de manter os subsídios agrícolas até 2020, o que reduz a competitividade do Mercosul no segmento em que o bloco regional é mais agressivo. Além disso, há o pedido do governo de José "Pepe" Mujica ao Mercosul de revisão da regra que obriga os países sócios a negociarem em bloco. O Uruguai quer ter a liberdade de selar seus próprios acordos.
O representante da UE também reclamou da falta de aprofundamento na relação com o Brasil. Ele afirmou que o acordo de cooperação assinado em 2007 proporcionou progressos na relação bilateral, mas "ainda não alcançou todo seu potencial no que se refere à cooperação em assuntos globais".
Fonte:
MSN