EUA rejeitam negociação só com o Mercosul

09/01/2009

São nulas as possibilidades de o governo dos Estados Unidos aceitarem a proposta de acordo comercial entre o país e o Mercosul, apresentada há dez dias ao representante comercial da Casa Branca, Robert Zoellick, pelo ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim. Quem garante é o embaixador americano no Brasil, John Danilovich, para quem a negociação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) está entre as mais altas prioridades na relação bilateral Brasil-EUA. Peter Allgeier, vice-representante de Comércio, também enfatizou em Washington esta semana que um acordo bilateral Mercosul-EUA não é uma proposta aceitável.

Danilovich adianta um sério ponto de divergência entre os dois governos: os Estados Unidos consideram “inamovível” a reivindicação de incluir, na futura Alca, regras mais fortes de cumprimento das leis de defesa da propriedade intelectual. O Brasil rejeita a idéia, por temor de que, na Alca, problemas com patentes venham a servir de pretexto para criação de barreiras comerciais a produtos brasileiros. A inclusão de medidas como essa, descartada pelo Brasil nos acordos bilaterais dos EUA, são um dos motivos apontados para a recusa das negociações bilaterais com o Mercosul.

Apesar da divergência na Alca, Danilovich dá parabéns à equipe econômica por projetos como as Parcerias Público-Privada, e, embora note que investidores cobrem agilidade em relação à burocracia brasileira, afirma que as ações do governo estão “na direção certa”.

Grande financiador das campanhas republicanas, amigo do presidente George W. Bush, o embaixador também elogia a atuação política do governo brasileiro nos conflitos regionais, como a força de paz do Haiti e a negociação para eliminar atritos entre a Colômbia e a Venezuela. Ele vê com bons olhos a relação do governo Lula com Hugo Chávez, pelo trabalho “estabilizador” do Brasil, mas deixa clara a animosidade do governo americano com o presidente venezuelano, a quem acusa de interferir nos assuntos políticos dos vizinhos, facilitando a ação de grupos terroristas. “Temos preocupação com a ajuda e assistência a grupos terroristas”, comenta o embaixador.

Valor Online
9/2/2005