EUA culpam a China por real valorizado
08/02/2011
SÃO PAULO – Em busca de apoio do Brasil para pressionar a China a valorizar sua moeda, o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, disse ontem que o regime de câmbio chinês é um dos principais motivos para a sobrevalorização do real. Em evento com alunos da Fundação Getulio Vargas, Geithner afirmou que o real vem se valorizando porque a economia do Brasil é promissora e atrai fluxos de capital, as taxas de juros são relativamente altas e outros países emergentes mantêm suas moedas desvalorizadas, aludindo à China.
"Devemos todos estimular a flexibilização do câmbio chinês. E a flexibilização do câmbio chinês é ainda mais importante para países emergentes como o Brasil, porque vai reduzir a pressão dos fluxos de capitais que estão entrando no País", disse.
Geithner afastou a hipótese de que a política monetária americana seja uma das causas da excessiva valorização do real. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, vem se queixando com o governo americano sobre os efeitos do estímulo monetário adotado pelos EUA sobre o real.
Os EUA injetaram US$ 600 bilhões na economia americana no fim do ano, o que estaria levando à valorização de moedas de países emergentes, como o real. Ao mesmo tempo, o governo brasileiro reluta em pressionar abertamente a China para valorizar sua moeda – e os EUA querem uma ação conjunta com o Brasil no G20.
À tarde, Geithner se reuniu em Brasília durante uma hora com Mantega, com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e mais uma hora com a presidente Dilma Rousseff para discutir a visita do presidente Barack Obama ao Brasil, em março.
Geithner confirmou que os EUA não apoiam a proposta da França de regular as commodities, caso ela envolva controle de preços. Na presidência do G20, o presidente francês, Nicholas Sarkozy, está propondo medidas para reduzir a especulação nos mercados de commodities, e, com isso, combater a alta mundial dos preços dos alimentos. O governo brasileiro, grande exportador de commodities, opõe-se a uma intervenção pesada.
Fonte:
Jornal do Commercio