Estudo mostra que 49% das empresas querem abrir capital

18/11/2010

SÃO PAULO – Estudo realizado em parceria pela Amcham-Brasil, pela Ernst & Young Terco e pela Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F Bovespa) mostra que 49% das empresas entrevistadas cogita ou já cogitou utilizar o mercado de capitais brasileiro como forma de financiar seu crescimento.

Entre as empresas que cogitaram abrir capital na bolsa de valores, 52% acreditam que isso deva ocorrer no médio prazo, ou seja, de 1 a 3 anos; 42% pretendem realizar a operação no longo prazo (mais de 5 anos); 2%, no curto prazo, com expectativa de até 1 ano; e, por fim, 4% ainda não decidiram o momento da abertura.

Entre os representantes que disseram que não cogitam a abertura de capital, 50% afirmam que necessitam de mais informações sobre o tema para tomada de decisão. "As empresas não consideram ter informações suficientes para captar no mercado de capitais", explica Fernando Schmitt, diretor de Membership da Amcham-Brasil.

O levantamento foi conduzido entre agosto e outubro de 2010, em cinco cidades do País (Recife, Goiânia, Porto Alegre, Curitiba e Campinas), com um total de 106 representantes de diversos segmentos, entre os quais se destacam os setores automotivo, químico e petroquímico, construbusiness (construção civil), agronegócio, comércio atacadista, vestuário, tecnologia e bens de consumo.

De acordo com o estudo, 70% dos cargos de confiança das empresas pesquisadas são compartilhados entre profissionais de mercado e membros da família ou ocupados por profissionais do mercado sob a presidência de membro da família. Os números da pesquisa mostram também uma concentração de 46% entre R$ 101 milhões e R$ 500 milhões de faturamento anual das empresas, livre de impostos, tendo como base dezembro do ano passado.

Outro dado interessante é o da participação de fundos de investimento nas empresas. Do total, 31% disseram que a empresa foi abordada recentemente sobre o assunto e estuda a possibilidade; outros 30% ainda não estudam a possibilidade de um fundo.

Ainda sobre os fundos, 17% disseram que foram abordadas e não cogitam a possibilidade, enquanto 8% já possuem um fundo de investimento como sócio da empresa. O restante, ou seja, 14%, não assinalou nenhuma das alternativas da pesquisa.

"Isso ajuda a desmistificar o papel dos fundos de investimento", afirma Paulo Sérgio Dortas, sócio para a área de IPOs da Ernst & Young Terco. "As empresas precisam começar a entender que é o fundo que vai traçar a melhor estratégia para a companhia. É aí que a empresa agrega valor para abrir o capital", acrescenta o executivo.

Durante os seminários realizados nas cidades brasileiras, de que participaram cerca de 250 empresas, foram apresentados casos de empresas que abriram o capital e, segundo Dortas, todas haviam passado pelo processo de fundo de private equity.

Exatos 28% das empresas creditam que a participação de um fundo de investimento pode melhorar o acesso ao capital para financiar o crescimento da empresa; já 23% acham que os fundos podem trazer estímulos as melhores práticas de governança corporativa. Por fim, 21% acreditam que o fundo deve trazer uma redução do custo de captação de capital após a abertura de capital da empresa.

Quando questionadas sobre quais tipos de recursos as empresas utilizam para alavancar seu crescimento, 45% afirmaram que fazem uso de financiamentos via bancos/entidades de fomento (como BNDES, BNB, BID, e linhas de fomento como Finep); outros 32% fazem endividamento através de bancos de varejo, e 12% das empresas não utilizam nenhuma fonte de financiamento externo.

Em relação à proporção do endividamento, 28% disseram que o percentual do endividamento na estrutura de capital da companhia em dezembro do ano passado está entre 10% e 25% do capital, enquanto 23% estão acima de 50% do capital e outros 22% estão abaixo de 10% do capital.

"O endividamento é muito relativo em relação ao faturamento da empresa. Às vezes o endividamento é alto, mas o faturamento também é significativo. Outras podem ter um endividamento bem superior ao faturamento, ou seja, estão muito alavancadas", disse o diretor da Amcham.

Outra questão da pesquisa mostra os principais índices financeiros levados em consideração para a avaliação do desempenho da empresa. Do total, 24% consideram o crescimento de geração de caixa (Ebitda); 23%, o crescimento da receita; 18%, o crescimento da lucratividade (lucro líquido sobre a receita bruta), e 11% levam em consideração o endividamento.

Das 106 empresas entrevistadas, 48% têm perspectiva de crescimento de receita bruta projetada para os próximos 5 anos entre 10% e 25%. "Estamos vendo uma China dentro do Brasil e isso é muito importante para o desenvolver do mercado", diz Dortas, da Ernst & Young Terco.

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@Fonte:
   DCI