Estudo aponta que empresas latinas sofreram desvalorização

11/03/2009

RIO – Do início de 2009 até o último dia 9, quase 700 empresas de capital aberto da América Latina perderam um total de US$ 105,3 bilhões em valor de mercado, segundo estudo da empresa de consultoria financeira Economatica. A queda percentual foi de 9,7%. O valor perdido pelas empresas latinas é quase equivalente ao valor de mercado da Petrobras no dia de encerramento da pesquisa, de US$ 107,3 bilhões. Para uma empresa de capital aberto, o valor de mercado representa o valor da ação da companhia na bolsa multiplicado pelo número de ações existentes.

De acordo com o estudo, a estatal brasileira foi a companhia com maior valorização nominal, de US$ 95,8 para US$ 107,3 bilhões, um aumento de 12%, enquanto a empresa de telecomunicações América Móvil, do México – que controla a operadora Claro –, registrou a maior queda nominal no ano, de de US$ 53,4 bilhões para US$ 42 bilhões, em redução de 21%.

De toda a região, o mercado da Argentina, representado na pesquisa por 66 empresas, foi o que apresentou maior queda percentual, de 35,5%. Do final de 2008, quando valiam US$ 46,7 bilhões, até o fechamento dos mercados na segunda-feira, as empresas argentinas perderam US$ 16,5 bilhões. Já o Brasil, segundo o gerente de Relacionamento Institucional e Comercial da Economatica, Einar Rivero, sofreu um impacto menor.

– O mercado brasileiro não foi tão afetado por perdas no valor de mercados das empresas. Tirando o Chile e a Venezuela, nós tivemos os melhores resultados – avaliou Rivero.

O valor de mercado das empresas brasileiras recuou de US$ 558,2 bilhões, no encerramento de 2008, para R$ 544,8 bilhões no início da semana, segundo o estudo. O recuo percentual foi de 2,4%, o menor entre os países que registraram perdas. Os mercados do Chile, representado por 115 empresas, e da Venezuela, com 17 empresas, são os únicos na América Latina a registrar alta do valor de mercado no ano.

No resultado nominal, as 88 empresas mexicanas consultadas apresentaram a maior queda, de US$ 69,9 bilhões.

Entre as 10 empresas que tiveram a maior valorização nominal desde o início do ano, cinco são do Brasil. Além da Petrobras, a Vale teve alta de 5,6%, de US$ 58,4 bilhões para US$ 61,7 bilhões; a Aracruz registrou avanço de 114%, de US$ 1,4 bilhões para US$ 3 bilhões; a Vivo valorizou 25,2% de US$ 4,3 bilhões para US$ 5,4 bilhões, e a OGX teve alta de 6,5%, de US$ 7,2 bilhões para US$ 7,7 bilhões.

Euforia nas bolsas de valores

Diante dos alertas de algumas das principais autoridades econômicas do planeta para um cenário de dificuldades nos próximos meses e da contração do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o mercado global teria todos os motivos nesta terça-feira para registrar um dia de perdas amargas.

Uma notícia surpreendente do Citigroup, um dos bancos americanos mais afetados pela crise financeira global, no entanto, animou o mercado nos EUA e puxou o resultado da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa, disparou 5,59% no fechamento e alcançou os 38.794 pontos, após três pregões consecutivos de queda. O giro financeiro foi de R$ 4,42 bilhões.

Em comunicado enviado aos funcionários na noite de segunda-feira, o executivo-chefe do Citigroup, Vikram Pandit, disse que o banco operou com ganhos no primeiro bimestre. Segundo o documento, o resultado operacional antes de impostos e itens extraordinários fechou positivo em US$ 8,3 bilhões em fevereiro.

A partir daí, a disparada das bolsas americanas e o otimismo dos investidores quanto aos resultados da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ajudaram a Bovespa a subir de forma significativa e zerar as perdas deste ano. A contração do PIB só reforçou as apostas de que o Comitê será forçado a rebaixar ainda mais a taxa de juros do país, o que em geral favorece investimentos.

Retomada em Nova York

Uma produção maior do que o esperado de aço na China em janeiro e fevereiro, da ordem de 2,4%, também ajudou o Ibovespa a recuperar parte das perdas sofridas nos últimos dias.

Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em forte alta de 5,80%, enquanto a bolsa eletrônica Nasdaq valorizou 7,06%. O índice Dow Jones subiu 5,8%, e o S&P 500, 6,37%. As ações do Citi, que chegaram a ser negociadas abaixo de US$ 1 na semana passada (e que chegaram a valer US$ 55 no auge do mercado), subiram 38% nesta terça-feira (para US$ 1,45). Elas puxaram os demais papéis do setor. Bank of America, o maior dos EUA, teve alta de 28%, e JPMorgan Chase subiu 23%. Mesmo assim, a bolsa apenas retomou o patamar do final de fevereiro.

O resultado do Citigroup sinalizou ao mercado que o pior da crise bancária pode ter ficado para trás, depois das perdas bilionárias no setor desde que teve início a crise das hipotecas subprime nos EUA. Na prática, porém, o Citi só está de pé porque recebeu US$ 45 bilhões de dinheiro público. O governo dos EUA é hoje o maior acionista do banco, com participação de 36%. Desde a estatização parcial, o Citi já teve de acatar um pedido de substituição de diretores e até cancelar a compra de um avião a pedido do governo.

Diante do cenário favorável, no entanto, as bolsas europeias também fecharam com ganhos. A Bolsa de Londres fechou em alta de 4,88% no índice FTSE 100, aos 3.715,23 pontos; a Bolsa de Paris subiu 5,73% no índice CAC 40, para 2.663,67 pontos; a Bolsa de Frankfurt teve alta de 5,28% no índice DAX, a 3.886,98 pontos; a Bolsa de Milão registrou alta de 5,98% no índice MIBTel, aos 11.175 pontos; a Bolsa de Amsterdã subiu 5,62% no índice AEX General, que ficou com 210,44 pontos; e a Bolsa de Zurique ganhou 4,76%, com 4.512,55 pontos no índice Swiss Market.

O dólar comercial foi negociado a R$ 2,349, em baixa de 1,30%, nas últimas operações desta terça. Em dia de euforia nas bolsas de valores, os preços da moeda americana oscilaram entre R$ 2,366 e R$ 2,341.

 

Fonte:
Jornal do Brasil