Encontro com países árabes reunirá 800 empresas

09/01/2009

Cerca de 800 empresas e quase 20 instituições oficiais já confirmaram participação no Encontro Empresarial América do Sul-Países Árabes, que ocorrerá paralelamente à reunião de cúpula dos chefes de Estado das duas regiões. Do total, 444 inscritos são empresas e órgãos de governo brasileiros. Os participantes árabes e de outros países sul-americanos se dividem em blocos praticamente iguais – quase 190 integrantes cada.

O encontro, que acontecerá de segunda a quarta-feira da próxima semana, é uma das apostas mais altas da diplomacia brasileira, e reunirá todos os chefes de Estado dos 11 países da América do Sul – entre eles o presidente argentino, Néstor Kirchner, que confirmou presença – e pelo menos seis chefes de Estado dos 22 países que compõem a Liga Árabe.

Cercado de temores, por parte dos EUA e Israel, de que se transforme em um fórum de condenação às políticas americana e israelense para o Oriente Médio, o encontro foi cercado de cuidados pelo governo brasileiro, para que os resultados se concentrem nos campos comercial, econômico e cultural. Mas líderes árabes revelaram ter tentado incluir, na declaração final, referências de tom crítico contra Israel e em favor do estabelecimento de um Estado palestino – retiradas, a pedido dos sul-americanos, para evitar perturbações políticas no encontro.

Apesar de anunciado desde o ano passado, o encontro ainda era, ontem, alvo de preparativos frenéticos e dificuldades logísticas (como a prosaica falta de material de escritório), que os diplomatas esperavam resolver durante o fim de semana.

Também pela falta de tempo (os principais preparativos começaram há menos de três meses), o encontro empresarial deverá funcionar mais como uma oportunidade de conhecimento entre empresários e agências de governo do que como espaço para realização de negócios.

Há mais empresas ligadas a comércio que a investimentos, uma contrariedade para setores do Itamaraty que contavam em aproveitar o incômodo causado na região pela guerra no Iraque e atrair investidores árabes hoje localizados na Europa e EUA.

Só hoje o Itamaraty deverá divulgar o número e status de participantes do encontro. Apesar do baixo comparecimento de dirigentes dos países árabes, os diplomatas brasileiros consideram a convocação bem-sucedida, porque algumas nações que não enviarão chefes de Estado mandarão autoridades de primeiro escalão.

A reunião servirá para reafirmar o projeto político do governo Lula de criação da Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa). Além do presidente Lula, o único presidente sul-americano a falar na abertura e no encerramento de encontro será o peruano Alejandro Toledo, presidente pró-tempore da Casa. Falarão também o presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, na direção pro-tempore da Liga Árabe, e o secretário-geral da Liga Árabe, Amr Mussa.

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, já reconheceu que não tem como evitar algum pronunciamento político de crítica a Israel ou aos EUA, ou ao processo de paz no Oriente Médio. A diplomacia brasileira promete fazer o máximo para que o encontro sirva, principalmente, para apontar aos empresários da duas regiões o potencial de negócios hoje desconhecido pelo setor privado.

Valor Economico
Sergio Leo
06/05/2005