Empresas latino-americanas avançam em processo de internacionalização
09/01/2009
SÃO PAULO – As empresas latino-americanas vêm aproveitando o bom cenário econômico mundial dos últimos anos para expandir sua presença no exterior, seja por meio de exportações ou abertura de novas unidades. Ao contrário do que se pensa, não são apenas as grandes companhias que participam desse processo. Empresas de médio porte da região, que resistiram aos ataques consolidadores no período menos favorável da economia global, lançam hoje seus tentáculos mundo afora, inclusive nos países desenvolvidos.
Um dos principais problemas que as empresas latino-americanas enfrentam em seu processo de internacionalização é o custo do dinheiro. Por serem de países emergentes, acabam tendo que pagar mais caro do que as concorrentes do Primeiro Mundo pelas linhas de financiamento necessárias ao desenvolvimento de seus projetos no exterior.
Segundo o diretor de Relações com Investidores da Vale, Roberto Castello Branco, a mineradora teve de adotar com afinco uma política de transparência com o mercado para reduzir seu custo de capital. Além disso, uma estratégia financeira bem definida, com alongamento do prazo das dívidas e diversificação das fontes de captação ajudaram a Vale a tomar dinheiro mais barato, afirmou o executivo, que participou hoje do Seminário Internacional ” Consolidação Regional e Expansão Global das Empresas Multinacionais Latino-Americanas ” , organizado pela Fundação Dom Cabral em parceria com o Valor Econômico.
Castello Branco lembrou ainda que a diversificação de produtos e de regiões de atuação foi fundamental para a mineradora, cujo custo de capital baixou de 11%, em 2004, para 7,5%, em 2007. Além disso, a Vale reduziu de 67% para 44% a participação do minério em sua receita total, entre 1997 e 2007. No mesmo intervalo, a concentração dos ativos da empresa no Brasil passou de 99% para 54%.
Outra questão importante que as empresas se deparam ao analisar a internacionalização é se o fazem a partir de aquisições ou por meio da construção de novas unidades nos países que observam. Também presente ao seminário, o presidente para o Brasil da colombiana Carvajal, do setor gráfico, German Estefan, disse que a estratégia de expansão internacional da empresa é focada nas aquisições.
Com presença em oito países – inclusive no Brasil, onde adquiriu a Listel e o Guia Mais, entre outros -, a Carvajal que dobrar de tamanho em um período de três anos e passar a faturar cerca de US$ 3,2 bilhões anuais.
Também com preferência pelas aquisições, a brasileira Metalfrio, do setor de refrigeração industrial, está finalizando a compra de sua segunda planta na Turquia. A empresa tem ainda outras duas unidades no México, uma na Rússia e um centro de distribuição nos Estados Unidos, além de duas fábricas no Brasil.
O presidente da Metalfrio, Marcelo Faria de Lima, destacou durante o evento as vantagens que as aquisições têm em relação aos novos projetos. Para ele, comprar uma empresa pronta facilita o acesso imediato ao mercado do país em questão, além de contar com uma base de clientes já desenvolvida. A desvantagem desse tipo de operação, segundo ele, é o investimento mais elevado e eventuais dificuldades em implantar a cultura dos novos donos aos funcionários da empresa comprada.
O executivo revelou ainda que a valorização do real sobre o dólar teve papel importante na decisão de instalar a empresa em outros países. ” O dólar é um incentivo pra internacionalizar a manufatura. Hoje, para exportar para a Europa, faz mais sentido produzir na Turquia. Para vender aos Estados Unidos, é melhor produzir no México ” , explicou Lima.
Fonte:
Murillo Camarotto
Valor Online