Economistas reduzem expectativas de expansão do PIB a 1,68% e Selic a 11% em 2014

10/03/2014

Por Camila Moreira

SÃO PAULO, 10 Mar (Reuters) – Economistas de instituições financeiras reduziram a projeção de crescimento da economia e da indústria brasileiras neste ano, ao mesmo tempo em que diminuíram a perspectiva para a Selic a 11 por cento, após o Banco Central ter desacelerado o ritmo de aperto monetário.

A pesquisa Focus do BC divulgada nesta segunda-feira mostrou ajuste das expectativas para expansão do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano a 1,68 por cento, frente a 1,70 por cento na semana anterior. Para 2015, as contas foram mantidas em crescimento de 2 por cento.

Apesar do resultado do PIB melhor do que o esperado no ano passado, influenciado pelo desempenho do quarto trimestre, os agentes econômicos continuam duvidando que a economia brasileira vai mostrar recuperação melhor em 2014. Ainda mais com o risco de racionamento de energia que tem tirado o sono dos mercados.

Uma das principais preocupações é a indústria, cuja projeção de crescimento para 2014 ano foi reduzida pela terceira semana seguida, a 1,57 por cento, ante 1,80 por cento na semana anterior, ainda segundo dados do Focus.

Esse cenário de desaceleração na atividade vem junto com inflação elevada e juros maiores, ainda que os analistas estejam revisando para baixo suas estimativas para a Selic.

O Focus mostrou que os economistas reduziram a expectativa para a Selic neste ano pela segunda semana seguida, a 11,00 por cento, ante 11,13 por cento na semana anterior.

O BC reduziu o ritmo de aperto monetário ao elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 10,75 por cento, e indicou nova alta ao afirmar que é "apropriada" a continuidade dos ajustes na política monetária e que é preciso seguir "especialmente vigilante" na ata da reunião em que tomou essa decisão.

 

Especificamente para abril, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC volta a se reunir, a expectativa no Focus é de nova elevação de 0,25 ponto percentual na Selic, acabando as apostas em nova alta em dezembro.

 

Por sua vez, o Top 5 de médio prazo, com as instituições que mais acertam as projeções nesse período, continua vendo maior aperto monetário. A mediana das projeções é de Selic a 11,75 por cento no final de 2014, inalterado ante a semana anterior.

No curto prazo, o Top 5 indica que a Selic encerrará essa semana em 11 por cento.

INFLAÇÃO

Para os economistas consultados pelo BC, o IPCA deverá encerrar este ano a 6,01 por cento, 0,01 ponto percentual a mais do que na pesquisa anterior.

Já a perspectiva para a inflação nos próximos 12 meses foi mantida em 6,12 por cento. A meta oficial de inflação é de 4,5 por cento, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.

Na ata da reunião do Copom divulgada na semana passada, o BC também avaliou que a inflação continua mostrando resistência e "ligeiramente acima" do esperado.

O mercado aguarda agora a divulgação na quarta-feira dos dados de fevereiro do IPCA e, na terça-feira, dos indicadores da produção industrial de janeiro.

 

 

Fonte:
Reuters Brasil