Economistas dos EUA se preocupam com descontrole da inflação

22/11/2010

A medida do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) para estimular a economia americana pode pressionar a inflação, mesmo que o crescimento econômico do país seja moderado em 2011. A conclusão consta de uma pesquisa da Nabe (Associação Nacional de Economistas Empresariais, na sigla em inglês), divulgada nesta segunda-feira (22).

A associação informou que os 51 membros de seu conselho de previsão continuam considerando a inflação como uma preocupação maior que a deflação nos Estados Unidos. Eles estimaram que a medida de inflação ao consumidor mais usada pelo Fed – o núcleo do índice de consumo pessoal, excluindo alimentos e energia – subirá de 1% neste ano para 1,5% até o final de 2011.

Os números ficam abaixo da margem considerada adequada pelo Fed – entre 1,7% e 2%.

Os membros da Nabe mudaram a previsão para o PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas por um país) de 2010. Segundo eles, a economia dos EUA deve crescer 2,7%, ao invés de 2,6% – ainda abaixo da taxa de 3,5% considerada necessária para diminuir o desemprego.

Para 2011 foi mantida a estimativa de crescimento anual de 2,6%. A pesquisa foi realizada entre 21 de outubro e 4 de novembro.

O Fed anunciou, no último dia 3, a injeção de R$ 1 trilhão (US$ 600 bilhões) no sistema financeiro dos EUA até junho de 2011. Esta decisão, que equivale à impressão de moeda, pode causar pressões inflacionárias no país. Além disso, a medida favorece a queda do dólar, tornando mais competitivas as exportações americanas em detrimento de outros países.

Esse reflexo no comércio exterior levou alguns países, entre eles o Brasil, a criticar a medida, que acirra a chamada guerra cambial.

Guerra cambial é a disputa que ocorre hoje entre alguns países no comércio mundial. O termo, cunhado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, diz respeito ao fato de alguns países manterem suas moedas desvalorizadas de maneira artificial, o que torna suas exportações mais baratas e competitivas no mercado internacional e acaba tendo efeito negativo sobre outros países que têm moedas mais valorizadas.

A China é acusada de adotar esta postura (de manter moeda desvalorizada). Por outro lado, os Estados Unidos, para tentar conter a crise financeira interna que enfrenta, tem inundado o mundo com dólares, valorizando ainda mais as moedas de alguns países, como é o caso do real brasileiro. As duas condutas, tanto da China quanto dos Estados Unidos, são prejudiciais a países como o Brasil. A articulação do Brasil no G20, portanto, deve ser com outros países emergentes.

Fonte:
R7
Reuters